terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A real beleza


É muito difícil encontrar alguém puro atualmente, e isso se dá devido a adaptação que as pessoas tiveram que fazer para viver nesse mundo. Mas existe uma diferença entre ser uma pessoa pura, e ser uma pessoal de coração e de alma puros. O mundo tem que aprender que a maior beleza não pode ser vista pelos olhos humanos, não pode ser tocada e só é sentida por uma pessoa igualmente bela. Aprender que você não precisa ser ingênuo para ser feliz, mas que precisa ser limpo. E primeiramente querer ser limpo. Não importa o que você fez e nem o que você passou, quando você quer o bem e o semeia, você colherá bons frutos; bons o suficiente para suprir todas as necessidades do seu corpo, as necessidades que você realmente precisa suprir. Quantas vezes você não se encanta com uma pessoa pelo simples sorriso, ou pelo simples olhar? As coisas mais belas do mundo encontram-se nos lugares e nas atitudes mais simples. As atitudes de uma pessoa que não tem nenhum interesse sob você é a mais natural, a pureza de uma alma é sentida por outra alma pura. Quando existe conectividade de outro mundo tudo é perfeito, tudo consegue ser lindo.

Às vezes as pessoas são tão bonitas! Não pela aparência física, nem pelo que dizem. 
Só pelo que são! (:


Por: Tiessa Soares.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Um diálogo direto entre o Coração e a Razão.



- Como poderia dizer o que sente, sendo que algo te bloqueia? Como realmente poderá ser feliz, se acredita nas crenças que ouve?

- Não sinto nada, apenas vejo tudo e concluo sendo como certo e errado.

Mas como pode ter tanta certeza em algo que está certo ou algo que está errado?

Os fatos me provam isso, consigo ver através do tempo, consigo calcular cada passo e assim consigo ver o resultado, resultando em algo bom ou algo ruim.

Mas se está fazendo isso, pensando no futuro, como pode ter certeza que dará esse resultado? Nem sempre as  coisas são exatas, nem sempre há um resultado. No máximo pode achar uma hipótese, que ai sim, poderia ser um resultado errado ou certo.

Ao meu ver não, as coisas são assim, e outra, porque eu quero assim, me baseio em algo sólido, concreto, assim são as coisas, assim é como funcionam.

-
 Humm, ok, mas me diga então, sobre aquela garota..

Que garota?

- Você sabe quem.. aquela.. que você fica besta quando fala com ela, que seus olhos dilatam ao admira-la, soa frio quando a toca..

- Aah.., sei quem é.. verdade, o que tem ela? O que quer saber sobre ela?

- Então, porque não o deixa fazer o que ele quer? O que o corpo dele pede? O que os sentimentos dele querem?

- Pra que? Para ele sofrer de novo? Não basta ter ouvido você uma vez, e quer que te ouça novamente? Pra que? Eu não sou o malvado nessa história, só estou falando o que ele realmente precisa saber. O que irá acontecer se ele atrever a dar mais um passo.

- Não é bem assim, você nem sabe como será dessa vez, pode ser diferente, dá ultima vez ele foi feliz, tá certo que não como ele queria, mas foi, e isso que importa. E daí, que ela irá se mudar no final do ano? Estamos ainda em setembro, muita coisa pode acontecer até lá.. Tudo pode acontecer, até do jeito que eu espero..

- Hahaha, está vendo? Novamente com essas ideias superficiais.. Desculpe-me mas sou a favor dos fatos, e como fato, tem o que tu falou. Como posso deixar ele se entregar a uma pessoa que irá embora? Que nunca mais irá vê-la? Não sou burro o bastante a aconselha-lo a isto, existe tantas garotas por ai, aqui perto, que jamais sairá.. porque ela? Porque se arriscar desse jeito? Ninguém quer isso, e muito menos eu.

- Então, disseste tudo. Ela não é uma qualquer, ela é a garota, a pessoa que o conquistou, porque não deixar se entregar? Acredito nas coisas, acredito que tudo pode acontecer, acredito que ele possa ser feliz tentando algo assim! Fazia tempo que não o via tão feliz, não é algo à tôa, tenho certeza disso. É algo que vale a pena se arriscar!

- Heeey, CHEEEGA VOCÊS DOIS, PORRA!! Já não sei o que faço mais, vocês não chegam a um acordo e quem fica nessa sou eu, quem tá aqui nessa situação sou eu! Quero acabar com isso, e o mais rápido possível! É fato, que eu gosto dela, e é fato que ela irá embora no ano novo, se for por um lado fico ausente, e com certeza ficarei triste porém poderei seguir meu caminho, se for por outro aproveitarei o momento em êxtase, mas em seguida ficarei mais triste ainda. Mas, posso alimentar um lado, posso não ficar tão triste assim e encontrar outra garota, uma que poderia me fazer mais feliz. E pelo outro lado, poderia realmente dar certo, poderia continuar com ela após o fim do ano, vai que ela realmente nem se mude? Falta 4 meses para isso, é muito tempo.
Só que.. realmente gosto dela, quero ficar com ela, quero é que SE FODA! Mas.. espera, não posso cair no mesmo buraco duas vezes, eu não sou tolo, um sábio aprende com o próprio erro, vou mais é esquecer ela, isso é o certo a se fazer. Ou não? Pode ser diferente.. ou pode ser igual.. CARALEO, não sei o que o que fazer!!! HEEY ME AJUDEM!!

[...]

- HEEEY, NÃO OUVIRAM? ME AJUDEM!! O QUE FOI?

[...]

- Porra, vou mesmo é jogar uma moeda, se der cara eu vou atrás dela, e que, realmente, se foda, se der coroa, ou paro com isso, e sigo minha vida como era..

- É.. deu cara! Acho que o destino me reserva algo! Agora cadê minhas chaves? E meu celular? Mãae, to saindo e só volto amanhã!!

[...]

[...]


- Hey, você sabe que foi trapaça né? Uma moeda que tinha duas caras..

- Trapaça? Eu não vi isso.. Só vi um meio de achar algo concreto para ir atrás de algo “abstrato”, algo que realmente vale a pena.

Por: Um amigo, refém do seu interior.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A Pureza da sujeira





O mundo gira, o tempo passa, e como da aurora ao crepúsculo nossa vida sofre constantes mudanças, por isso devemos desfrutar dos prazeres da vida como se cada dia fosse o ultimo dia de existência, pois não sabemos de onde viemos e nem para onde vamos, nem quando vamos.

Cada experiência e vivência é uma lição. Tal frase não vale para todos os seres, pois a subdesenvolvimento intelectual é uma arma que corrói a moral humana, fazendo aqueles que persistem no erro se fazerem de trouxas perante a sociedade, novamente errar, e com um olhar pedindo esmolas se culpar novamente, se arrepender, se sentindo inferior, diferente, a ultima quimera nesse mundo de feras, no qual ninguém é inocente.

Por um instante tentei ser poeta, enxergar algo puro, inexistente nesse mundo infame, sujo e decrépito. Mas redescobri a poesia na imperfeição, a enxergar com beleza toda a sujeira, e ver que ela é mais pura do que o mais lindo diamante falso, onde a sinceridade é certa e pessoas não se preocupam com esteriótipos nem imagem, são puras e verdadeiras, fazem sexo por espontânea vontade. Mulheres assim são admiráveis, pois não enganam, não mentem, fazem o que bem querem.

Não confie em ninguém, pois nesse mundo imperfeito a beleza está na enganação, a começar por sí próprio. Portanto, se for para confiar, prefira a mais horrível prostituta desonesta do que a mais linda mulher pura, pois a primeira já é de se esperar as consequências. Como dizia Augusto dos Anjos "A mão que te afaga é a mesma que te apedreja".

Com um pensamento filosófico quanto este, me aperfeiçoou a cada dia na promiscuidade, em busca da esbórnia perfeita. Sou perfeccionista, gosto de mulheres externas perfeitas, de interior imperfeito, busco a beleza nas curvas, sinto o sabor da pele, saboreio cada pedaço com uma fome voraz, apreciando cada milimetro como se fosse o ultimo, não busco por prazer, apenas tenho o objetivo central para o infle do meu ego, "proporcionar-lo".

Me considero sábio nesse mundo de abitolados, sou realista, e não um romântico, aprendo com os erros dos outros antes de aprender com os meus, no entanto todos erram e eu mesmo já errei. Quem aprende com os erros alheios é sábio , quem aprende errando uma vez é astuto, os que erram duas vezes são meramente burros ou tolos. A vida não é totalmente suja, mas devemos viver de reciprocidade, dar a cada um o que merece.

Uma vez dei oportunidade a pureza, ela não soube aproveitar. Descobri então que nesse mundo imperfeito sou passivo de expressões, conheço a podridão dos que nem imaginam, e quando pensam que me fizeram de tolo, era apenas eu mesmo fingindo que era, rindo por dentro da inferioridade alheia, usufruindo do silêncio. Mergulhando no bem perfeito, como sempre fiz.

A vida merece um toque de safadeza, mas ela deve ser sincera, sem enganações ou arredios, provar diversas mulheres, ver que todas são diferentes, observar a beleza sublime de uma mulher nua, o doce trinar de seus gemidos, sentir com intensidade o tato, olfato, visão e finalmente o gozo. Quando a juventude se exaurir que pensemos em algo puro, fiel, recíproco, sem certeza, na desconfiança mútua de ambas as partes. Devemos ter o dom da inteligência, realismo, pois vivemos na sujeira da raça humana.



Por : Thiago Bacelar 

sábado, 1 de dezembro de 2012

war X peace





- Então você se auto-denomina o protetor da natureza mas não está em nenhum movimento ativista contra a matança de golfinhos em Taiji, no Japão, ou batendo de frente no congresso pra tentar impedir que mais um condomínio seja construído em alguma reserva indígena. Não está em grandes guerras porque é um covarde. Não defende o seu país porque é um fraco! Não pense que não jogar alguns papéis de bala no chão irá salvar o mundo. Essas roupas largas com mensagens de paz nunca trarão a calmaria que uma pós guerra consegue trazer. Até a Mona Lisa está caindo aos pedaços e esse mundo podre não tem salvação. A selva é de pedra, melhor olhar por onde pisa, as terras estão cheias de minas que detectam a fraqueza de longe. Posso sentir o cheiro da sua vida de fantasia à quilômetros de distância. Você não passa de um desligado social que pensa que a vida é boa e linda. Não conhece a realidade única, vive em uma bolha, num mundo utópico do qual só você faz parte!

Teófilo disse isso num tom autoritário. Um ouvinte destreinado não perceberia a ira em suas palavras, elas eram amargas e cruéis. Falou tudo isso vestindo a máscara de calma e a disciplina de um bom soldado. As imperfeições na orelha indicava que lutou jiu-jitsu durante alguns anos. Os calos nas mãos revelava uma natureza de labuta intensa, talvez tivera uma infância perdida e o cerrar dos punhos delatava que ela jamais foi recuperada. Seu tom de pele negro lhe dava mais força e presença, sua altura assustava até o maior do gigantes. Sua roupa bem passada gritava autoridade de um severo ditador, um homem que não mudaria de opinião tão fácil.
Deixou apenas 2 minutos morrer no ar, limpou a garganta e continuou:

- Você não está na terra do amor, pelo contrário, você está no inferno rejeitado por Deus e até pelo próprio diabo! Pense no que irá dizer, pois agora você está em águas profundas e perigosas, então, ao menos, finja que sabe nadar!

Do outro lado, um rapaz de nome egípcio, que significa "Filho dos Deuses", ouvia atento as palavras que desdenhavam seu estilo de vida e sua crença de uma forma grosseira e estúpida. Ramsés pudia ver o sangue escorrendo por entre aqueles punhos cerrados, pudia ouvir o choro de tantas almas que aquelas mãos, de unhas bem cortadas, tiraram sem o menor remorso. Suas tatuagem de Rosas  escupiam todo seu braço esquerdo. Seu ombro pendia mais para um lado do que para o outro e, mesmo assim, seu equilíbrio espiritual era mágico. Um rapagão branco de olhos negros. Um jovem magro demais para ser atleta e com ideais fortes demais para ser corrompido pela desesperança.
Absorveu cada palavra feito esponja e replicou calmamente:

- Sou um guerreiro do arco-íris. Acredito que estamos aqui por alguma razão e a minha com certeza não é salvar golfinhos ou fazer algum tipo de protesto. Já existem pessoas destinadas a esse propósito, como o doutor Rick O'Barry por exemplo. Vim aqui para vender uma vírgula para pessoas como o senhor, Sr. Teófilo, que não acreditam mais na vida ou no amor. Não sou covarde, oras! Minha maior guerra é espiritual, é dentro de mim que jogo bombas de esperança todo dia quando acordo pra ver se durmo vencedor toda a noite. Tampouco sou fraco! O patriotismo não vale de nada, lutar por batalhas ou por leis que você não criou e não compreende não te faz mais forte do que eu, prova apenas que o senhor, sr. Teófilo, é alienado e seguiu o que lhe disseram para seguir. E os papéis de balinha de deixo de jogar no chão, eles enchem meu travesseiro para que eu possa dormir sossegado a noite, é um capricho meu na verdade. A abundância da minha roupa transparece a grandeza do meu coração, e o desenho nela estampado é um outdoor das minhas idéias, e as idéias, como o senhor deve saber, são à prova de balas. Lamento informá-lo, mas a única paz depois da guerra é o espanto mudo dos que sobreviveram e dos cadáveres que morreram feito pião em um jogo de xadrez. Não vivo nesse mundo sozinho, pode apostar. Eu somente escolhi não ser mais um câncer na terra, apenas adotei um estilo de vida que procura enxugar, nos rostos das pessoas, as lágrimas que costumam cair por causa de homens como o senhor, de guerras que o senhor promove. O mundo está doente, está tossindo e eu digo que o amor é o único remédio, a cura absoluta!

Ramsés notou que o sr. Teófilo tinha o corte de cabelo padrão e aquela postura militar robotizada. Apostou mentalmente que o sr. Teófilo pertencia a alguma força coercitiva do estado, talvez um general do exército aposentado. E acertou.
Ramsés observou crescer sem pressa um pingo de esperança. Ela se encontrava no calabouço da criaça adormecida e esquecida que o sr. Teófilo não deixava sair para brincar. Ingeriu as informações e disse:

- Eu aposto que o senhor ganhou diversas medalhas por matar pessoas. É com suas próprias mãos que o senhor molda este inferno pessoal. Eu vivo na pátria do  amor e minha bolha de alegria quem protege é o próprio Deus. O senhor, sr. Teófilo, tem um nome lindo e bíblico, significa "O que Deus ama". O senhor pode não acreditar nele, mas garanto que ele acredita no senhor. Pensei em tudo que falei e posso lhe garantir um seguinte; Não desacredite no amor e não verbalize o que não é uma verdade absoluta. Aposto que o senhor trocaria de vida, se pudesse, num estalar de dedos. Então se o senhor quer mesmo cantar essa música triste, então, ao menos, finja que sabe a letra!



domingo, 25 de novembro de 2012

zZzZzzZ






 Ouço o som involuntário que seu corpo faz pra viver e adormeço ali mesmo em seus braços negros e suaves. Você é uma máquina de fazer carinho e massagem. Como não querer sua presença se você me traz aquela preguiça matinal tão gostosa de sentir? Só pode ser um dom, pois com alguns movimentos circulares nas minhas costas e um cafuné na minha cabeça, você já consegue sintetizar o meu sono e ludibriar o meu despertar. Você é uma espécie de 'boa noite Cinderela' com unhas, pelos e vagina. Basta olhar para seus olhos enormes e negros para esboçar no meu rosto um bocejo maior ainda, teu chamego é só paz. Teu sotaque  engraçado de outra nacionalidade é um efeito alucinógeno, me faz teletransportar para um mundo todo azul. Teu seio é carnaval o ano inteiro, o batuque musical do seus átrios e ventrículos são uma canção vocalizada por mães solteiras em épocas frias, é incrivelmente inocente, tímido e angelical. Um anjo de cabelo curto e coração largo. Uma feiticeira de mãos suaves e unhas limpas. O cheiro da nicotina em seu hálito é um perfume de incenso que inunda o quarto e filtra meus sonhos. Não existe espaço pra sexo ou beijos, meu prazer é adormecer em forma de concha com a silhueta do seu corpo magro e liso. Você é a kryptonita pro meu acordar, teu abraço é um desmaio pra minha lucidez e o som acústico que sai do seu peito é uma canção de ninar pra minh'alma.





quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Abraço de despedida



       

        Sou eu jovem de um coração, que analfabeto e inconsequente, busca sempre a vida eloquente na certeza do que bem quer. Estava ela em uma festa, eu a admirei e dei uma simples carona sem segundas intenções, pois mal sabia eu o que me esperaria vindo daquela noite que não pretendia ir, mas acabei indo. Foi esse o primeiro passo que levaria em um futuro não tão distante a existência de um sentimento que demorei tanto a entender se realmente existia.
Por coincidência nos encontramos novamente, na casa de um velho amigo. Observei um lindo rosto, que já conhecia e admirava, mas que, no entanto não se passava de aparência em tal momento o foco de minha admiração. Estava ela abalada por um término de relacionamento, notei certa simpatia em sua personalidade, nos identificamos rápido no clima de amigos, cerveja, conversas jogadas fora e até mesmo um tira gosto de bife acebolado, algo que nos trouxe tamanha identificação. Recebi um cafuné deitado no seu colo, descobri que éramos mais próximos que do que imaginava, éramos primos de terceiro grau, tremenda coincidência.
A partir desse dia tive minha primeira impressão a respeito da linda moça, era errônea e injusta. Pensei que ela fosse fácil, que quisesse descontar suas injurias na promiscuidade depois de ter sido injustiçada pelo namorado que a traíra, pois tão fácil recebi um cafuné e com tão frequência pensava que ela saísse a para a balada. No entanto, descobri com o passar do tempo sua beleza interior transcendendo sua aparência, era ela carinhosa, gentil, meiga e com o jeitinho de menina, inocente, portanto inteligente e de boa vontade, via todos como grandes amigos, fazendo com que todos se sentissem tão íntimos em tão pouco tempo, foi a conhecendo que pude me encantar como nunca havia antes.
Logo após, combinamos todos os amigos de ir para uma festa. Estava sem dinheiro, mas fiz um esforço, ainda me deixando guiar momentaneamente por sua beleza e não pela personalidade, queria muito tentar conquista-la. Ao chegar lá, dançamos, demos gargalhadas, até tentei assim como muitos daquela noite conseguir um beijo, ato que foi mal sucedido por todos. Curioso da minha personalidade é o foco, busca pela melhor escolha sem nunca desistir dela, por isso neguei cobiças de lindas garotas que na festa estavam presentes, e me jogavam indiretas para que tomasse suas mãos para a dança, mas já havia me decidido quem seria a escolhida não da noite, mais de outra oportunidade ao longo prazo, pois sabia que seu coração estava distante, era preciso mais do que uma simples lábia ou clima criado.
Fomo-nos aproximando, muitas conversas pelo facebook, risos, desenvolvíamos afinidade e simpatia. Conversávamos sobre musica, minha grande paixão. Mandei-lhe uma gravação minha que falava sobre paciência e que por ironia do destino traduziu meus momentos com ela. No entanto a gravação lhe despertou curiosidade e agrado, e marcamos um lual, na beira do lago, em um lugar bonito, romântico em uma noite estrelada e fresca pela chuva recém-chegada.
Ela havia me mandando uma mensagem antes de nos encontrarmos dizendo que estava com um frio na barriga, percebi então que existia ali algum interesse, e para quebrar seu medo ou receio fiz piada, disse que dessa forma me sentiria um artista, rindo ao teclar no celular. Esclarecemos muitas coisas, revelamos verdades, toquei com minha alma e através dela tentei conquista-la.
Por sua revelação tomei o conhecimento de que existia por parte dela o desejo em ficar comigo e que, não obstante deveríamos ir com calma. Tocávamos musicas antigas e me veio uma luz, algo totalmente diferente em minha mente que me tocou pelo romantismo e pela situação, pois havia insegurança em seu coração, precisávamos então ir com calma e paciência, foi algo que compreendi sem questionar, e assim como dizia a musica que havia mandado antes do encontro precisávamos de “paciência”. Comentamos como eram boas as coisas antigamente, as musicas, paqueras, relacionamentos. Decidimos então nos encontrar várias vezes até ficarmos, e que a partir desse momento ela seria minha prometida, nosso grande dia tinha data indefinida marcada. A partir desse momento foi criado um forte laço que me deixou feliz, me deu certeza de que ficaríamos juntos. Encerramos nossa noite com um lanche, e para aumentar mais minha admiração ela não deixou que eu pagasse a conta a nenhum custo, vi ali tamanha compreensão e honestidade que jamais vira em qualquer outra mulher. A deixei em casa, nos despedimos, e voltei para casa realizado.
Um dia após o lual fui para a festa do meu curso da faculdade, bebendo com os amigos esperava o grande momento de mais tarde, me percebi com a mente distante, viajando para o futuro, imaginando como seria o momento tão aguardado. Mal esperava eu que esse poderia ser o sepultamento do meu coração, que vive hoje na UTI, na esperança de sobreviver e ter seu futuro reconquistado. Deparei-me com a embriaguez, me desesperei para ficar bom antes que chegasse minha prometida, pedi chicletes, balinhas, tomei copos d’agua, refrigerante, porém nada adiantou. Foi perceptível meu estado, se não foi, a partir daquele momento foi quebrado todo o conceito dela por mim, acabou o encanto, o romance, eu era outra pessoa aos seus olhos, uma desilusão, um erro, nada demais. De diferente passei a ser um qualquer como tantos outros ao tentar beija-la, argumentar, falar coisas sem nexo, como se não compreendesse seu lado delicado, necessitado de paciência e diferencial, estraguei o romantismo do dia anterior, não fui eu mesmo, construí outra imagem de mim, imagem errônea.
Talvez a tenha deixado triste, e quem sabe tenha feito apenas com que ela não se importasse mais, seu coração calejado, cheio de receios, não era uma novidade para mim, pois sei que errei. No dia seguinte acordei com um sentimento ruim, pressentimento estranho, de perda e não sabia o porquê, isso me fez pensar. No mesmo dia acabamos reunindo com os amigos, jogamos alguns jogos, ela de lá e eu de cá, como se não passássemos apenas de amigos, e que ali não existisse nada a mais de especial. Ela foi como sempre simpática e gentil se preocupando com o meu bem estar e o dos meus amigos ao oferecer lasanha, sorvete, refrigerante, sanduiche, chocolate quente e até mesmo um cobertor para quem estivesse com frio, isso gerou comentários de admiração não apenas por mim, mas dos meus amigos também, pois parecia inexistente alguém como ela.
Foi no dia seguinte que me dei conta que a admiração havia se transformado em paixão, algo estranho e que nunca havia sentido antes, queria vê-la a qualquer custo, 2 dias sem a ver e já me notava com saudades. Foram nesses dias que tudo mudou de repente, da água para o vinho, ela havia sumido de vez, as conversas diárias foram para o ralo, às mensagens no celular não haviam sido respondidas, nem tampouco a chamada não atendida, e minha esperança escoou para o esgoto no dia que decidi de surpresa vê-la, nem que fosse para dar um oi.
Visitei-a em casa e avistei seu rosto surpreendido pela minha presença inesperada, a convidei parar tomar um açaí, ela disse que estava estudando, chamei-a para ir mais tarde, pois não queria atrapalhar e não queria ser inconveniente, ela recusou novamente, foi um tanto fria, como se não se importasse com minha existência, porém tentava ser simpática, e sem me enganar eu a enxergava por dentro. Disfarcei com um sorriso um tanto quanto artificial, puxei assunto por pouco tempo, pois notei que minha presença não era mais bem vinda como no dia do lual, ri por fora e chorei por dentro, meu coração não resistindo, querendo falar, me obrigou a convida-la para o desabafo que aconteceria dois dias após. Sai de lá como se meu coração tivesse sido implodido por uma bomba atômica, que seu sangue seco tivesse virado poeira cósmica em um infinito vazio, que como o universo estava em constante expansão. Dirigi meu carro sem ver, sem fala, sem o tato, meu mundo havia caído e eu estava sem sustentação, cheguei em casa e comecei a expressar o que sentia tocando violão, escrevendo poesia, jogando tudo para fora, e mais tarde desabafando com um velho amigo.
Duas coisas aterrorizavam minha mente: a questão de nunca tê-la um dia e que o perdão houvesse tomado seu coração por alguém que nunca mereceu seu amor e que poderia repetir diversas vezes injúrias que eu jamais cometeria. Passei dias agonizantes, pensando em mil possibilidades sobre o nosso encontro e quanto mais eu pensava a nenhum lugar conseguia chegar, era tudo uma corrida sem rumo. Por fim chegou o grande dia, não queria mais falar sobre meus sentimentos, esperava apenas dar um dia nostálgico para ela, mostrar que ainda era aquele cara do dia do lual, não queria ser um cara meloso, desesperado, queria ser apenas eu mesmo, esquecer que tinha algo para lhe contar, apenas aproveitar sua presença a fazer com que ela aproveitasse a minha, pois por experiência própria sei que mulheres não gostam de ninguém aos seus pés, e eu nunca fui e nem pretendia ser com ela, pois isso poderia ameaçar a botar tudo a perder mais ainda.
Após uma noite especial, comida mexicana, que ela nunca havia experimentado e de muito ela insistir para eu contar o que havia para falar, me senti forçado a me abrir pela primeira vez na vida para uma mulher, acabou o ego, o orgulho, meu coração me forçava a dizer tudo, e quando falei me senti pior ainda, verbalizar sentimentos é algo aterrorizante, nos deixa bobos, ridicularizados, some a fala, o amor destrói todos os conceitos e malandragens que um cara experiente possua, leva a estaca zero, era eu uma criança sem maldade, sem saber o que falar, e depois de tudo, sua posição perante a mim nada mudou.
Levei limão com sal para nós dois esse dia, muitos se perguntariam para que tamanha idiotice, eu responderia: que é porque eu sou aquele cara diferente de sempre, gosto de coisas improváveis, sair da rotina, viver em outro mundo, falar coisas improváveis, surpreender. Ela havia comentado uma vez que gostava de limão, sempre prestei atenção em cada palavra que ela me disse, está tudo na minha mente tão claro como um livro. Então nos deliciamos como se esse fosse um prato maravilhoso, brincamos jogando sal e melando um ao outro, para mim foi mais divertido do que o melhor parque de diversões que já fui, me lembrou de minha infância, foi inocente e verdadeiro minha alegria, me fazendo esquecer por um momento que todo o meu sonho estava aos prantos, e que havia sido jogado por agua abaixo, que mesmo sem um beijo, me sentia totalmente feliz com sua presença.
Fomos para a casa de um amigo meu, quando me distanciei dela bateu um choque de realidade, perdi minha fala, minha alegria, havia sido obnubilado pela situação, não consegui disfarçar meus sentimentos, pois sempre fui muito transparente, o que fez com que todos me perguntassem se eu estava bem, respondia que sim, mas não estava. Depois de muito tempo ela me chamou para dançar, fiquei feliz novamente, meus sentidos pareciam mais aguçados, senti seu cheiro, seu tato, não queria que a música acabasse nunca, e por mais um instante meu humor melhorou.
Depois da longa noite, e de muitos acontecimentos a deixei em casa, desci do carro e lhe dei um abraço de despedida, essa cena nunca sairá da minha mente, não queria larga-la nunca mais, queria continuar abraçando forte, roubar-lhe um beijo. Quando viramos as costas um para o outro eu engasguei, sentia como se houvesse uma bola de sinuca entalada na minha garganta, foi a coisa mais forte que senti, e a partir daí nunca mais nos vimos, nunca imaginei que um dia gostaria de alguém, e que seria de forma tão irracional, em tão pouco tempo, sem beijo, sem reciprocidade, resumido em 5 páginas, concluindo-se apenas em esperança.

Por: um Amigo, Anônimo, de Coração Partido.  
 22 de novembro de 2012. 
Primavera, às 01:17 de um novo dia.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

O enigma do pesar e distância

E quando todas as estrelas e furações já foram nomeados, Ela chutou a porta da minha vida e entrou sem olhar para os lados. Apresentou-se dizendo sua graça da forma mais deselegante possível e se aconchegou na sala, perto da lareira. Ela pintou as paredes do meu quarto de amarelo e me fez reler todas as cartas de amor guardadas em caixas de sapato na garganta do meu guarda-roupas. O bubbaloo, de sabor diferente do meu predileto, passou despercebido, pois Ela me deixou distraído demais para distinguir os gostos dos meus próprios caprichos. E quando o céu me toca e vai embora, é Ela quem fica. No inverno, bocas pronunciam o nome Dela com mais frequência, com mais intensidade. Ela emerge desse sombra de invisibilidade, principalmente, em aeroportos e enterros. Quando você sabe a densidade e perfurações do esmalte da pessoa amada, Ela aparecerá quando você não mais sentir os arranhões de sexo ou os beliscões de repreensão. Eu, que amei, fui admirado feito flor, agora sou pisoteado como grama, por Ela; a saudade.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Libertinagem


  • E não é de pequenas ideias que se constroem grandes histórias? E não são de sonhos que se traçam as metas?.. Ahf, então deixa-te viver, deixa-te sonhar, permite que te influenciem, porque o amanhã ninguém sabe do que é feito, e para alguns, os momentos passam num breve respirar..



    para ti, carissimo Teddy, acabadinho de escrever.

    Por : Yamara Ferreira ( A tarada de Portugal )

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O poder dum sorriso.

Chegando aquela festa do famoso negão, sem conhecer ninguém, com aquele sentimento de medo por saber que tava sozinha la, mas com a curiosidade de saber o que poderia acontecer; apareceram na minha vida cinco meninos que tornaram-se inesquecíveis na hora, simplesmente por esse sorriso que me deram. Esse sorriso que mostra sinceridade, liberdade, humildade, amizade e muitas coisas mais... esse sorriso que dá saudade quando fica longe muito tempo. Esse sorriso que ensina a viver e apreciar as coisas por o que são. É esse sorriso a verdade, que deixo uma marca no meu coração.

Por : Claudia Letícia Vicencio Chavarría

domingo, 28 de outubro de 2012

A ligação.




O círculo do narguilé estava repleto de risos e beijos lésbicos. A lua abençoava mais uma noite de pecado e o sol não demoraria muito para aparecer, pois quando sua alma brinca de ser feliz o tempo passa feito canais de televisão em um dia de tédio, muito rápido. O calor que fazia só aumentava o sabor e o prazer de ver mais uma cerveja ser aberta. O suor passeava pela testa dos casais dançarinos, a mangueira do narguilé corria através de mãos encardidas pelo vício do cigarro e sugadas por bocas que diziam coisas impensadas. Uma melodia tocou desigual ao som ambiente, uma mistura de sertanejo e axé ecoou e vibrou no bolso direito de uma calça jeans justa, o celular de Robert estava tocando. O papo interessante com uma mulher de outra nacionalidade o atrasou alguns segundos, mas logo que percebeu quem estava ligando, sorriu, levantou-se apressadamente e sentiu seu coração implodir. Era Linda, sua paixão de infância. Robert apertou o botão verde do seu celular barato, o botão da bomba que explodiria sua madrugada, que daria descarga no seu sorriso duas horas mais tarde.

- Alô? - Disse Robert.

Acendeu um cigarro de palha e deitou-se na calçada. A lua o presenteou e ele sabia disso. Sorriu e agradeceu. Agora o som da música estava longe. Robert queria aproveitar cada segundo dessa ligação inesperada, queria absorver toda intenção mascarada e qualquer sentimento oculto na doce voz de Linda. 

A voz do outro lado da linha, audivelmente alterada por álcool, Linda disse rouca, gritando e feliz:

- Onde você está?

Linda ignorou etiquetas pregadas pela sociedade e por revistas de bons-modos. Não perguntou sobre seu estado de saúde ou como foi seu dia. A pressa na voz de Linda a denunciou. O simples fato dela apenas perguntar sua localização só queria dizer uma coisa; Ela queria encontrá-lo agora mesmo! E ele sabia disso. Robert se apressou em responder e disse:

- Guará. Estou no guará com alguns amigos. 

Robert já imaginava o abraço, suas mãos deslizando nas costas de Linda. O talvez do beijo, a certeza do sentimento. O deleite do olhar, do tocar. Robert queria apenas sair do presente e caminhar com o passado, de mãos dadas, em direção ao futuro. 

Linda murmurou negativamente pelo telefone. Robert reconheceu seu resmungo de decepção. Talvez esse bairro de Brasília esteja muito longe de onde ela se encontra. Mas a distância não é um problema, não quando se trata do poderoso e impiedoso amor. Para esse sentimento a palavra empecilho não é encontrada no dicionário e também não é pronunciada por sua boca. Para não perder o entusiasmo de ambos, Robert garantiu que chegaria até ela de uma forma ou de outra. 

- Me fale onde está e irei até você, meu bem.

Linda afirmou que estava em um barzinho reservado na Asa sul. Robert fantasiou, apostou que Linda estaria com um vestido florido curto demais para uma moça de pernas tão finas. Imaginou sentindo aquele perfume que lembra épocas de Cosme e Damião, tempos de férias em família.

Robert estava surdo de tanto que sua imaginação gritava, assim não pode escutar o tic-tac do relógio dizendo que faltavam apenas 30 minutos para uma mágica acontecer; Um riso iria sumir de seu semblante.

Nostálgico, Robert dirigiu rápido rumo a única ditadora que conseguiu mudar seu coração anarquista de partido, voou para os braços da única garota que já amou nessa vida. Robert atravessaria o atlântico apenas por um abraço de Linda, cruzar a cidade foi moleza. Ao chegar ao boteco, grades o prenderam. Olhar atento. Robert procurava uma garota de cabelos ruivos e longos, branca e alta. Não a encontrou e não podia entrar. Uma placa informativa dizia que a entrada de qualquer pessoa do sexo masculino custaria R$ 50 reais. Sem dinheiro para entrar no recinto, Robert não poderia mais chegar de surpresa. Tirou o celular do bolso de sua calça apertada, buscou "Linda" na agenda e reparou que apesar de tantos anos, seu nome ainda estava com aquele coração tosco na frente, "Linda <3"  Mãos suadas, coração acelerado, dúvidas, certezas, medo, alegria, desespero e por fim, silêncio. Robert misturou sentimentos quando apertou aquele botão, como de um liquidificador. O telefone chama. Um toque, dois, três, finalmente quatro e alguém responde. Com certeza não era Linda. A voz do outro lado do telefone era ameaçadora, conhecida, robotizada e incrivelmente capaz de causar náuseas. A misteriosa voz disse:

- "O número que você ligou não atende no momento e não tem caixa postal. Por favor, tente mais tarde!"  

terça-feira, 23 de outubro de 2012

A ponta do Iceberg



Na varanda de sua casa, Uriel proseava com com seu amigo Renan. Era uma conversa despretensiosa sobre putaria, mulheres, sobre o mundo e a vida. O álcool do Bacardi entrelaçou-se com idéias entaladas na garganta, abrindo assim todas as gaiolas da verdade. Vomitando sinceridade e segurança, Uriel afirmou:

- Renan, você tem prazer em ver suas mulheres chorando, se humilhando. Você é um psicótico, um sádico social. Para você, as lágrimas tristes dessas garotas valem mais que seus lindos e alegres sorrisos. Você esbanja honestidade e depois as envolve em solidão. Renan, você corta apenas uma das asas de seus pássaros, impossibilitando deles voarem para longe de sua deteriorada vida sentimental. Você as enjaula em uma prisão sem grades. O desequilíbrio emocional que você causa é tão grande, que, mesmo sofrendo, elas buscam abrigo em seus espinhos.

Uriel se calou, como quem organiza seus pensamentos. O silêncio foi quebrado apenas pelo som de estalar de dedos e pescoço que evidenciava o nervosismo e constrangimento dos dois amigos. Não havia raiva em suas frases, foram apenas palavras sinceras depois de anos observando o comportamento doentio de seu amigo, Renan. Não havia indiferença no seu comportamento, os dois sairiam dali igualmente como entraram; amigos. Se pudesse editar e classificar seus pensamentos, categorizaria apenas como auto-ajuda. Renan sentiu que se deitou forçado no divã de Uriel. Renan acendeu um cigarro, cruzou os braços e o olhou com frieza e submissão. Ele sabia que o discurso de seu amigo não havia chegado ao fim. Renan percebeu que Uriel era um iceberg, sabia também que estava vendo apenas a ponta de seu raciocínio dedurador e ríspido. Ambos enxeram seus copos com mais Bacardi e Uriel continuou a falar, agora com mais álcool em sua corrente sanguínea. Uriel limpou o suor com as costas da mão e continuou, agora um pouco mais áspero:

- Seus relacionamentos são todos uma catástrofe, Renan. Veja quantas mulheres incríveis passaram pela sua vida nesses últimos três anos. Por quê não namorou garota do queixo grande e engraçado, que adorava assistir filme e dançar na chuva com você? Por quê não facilitou as coisas com aquela menina do cabelo, que é digno de elogio, e que combinava tanto com sua personalidade e desejava ter a mesma profissão que você, meu caro? Por quê não acreditou naquela mulher de caráter forte, que rezava tanto por um futuro contigo? Por quê não se entregou para aquela garota de olhos claros, que você garantia fazer somente amor? Por quê não persistiu num futuro com aquela garota morena de olhos grandes que você estava perdidamente apaixonado? Porra, por quê não se casou com O Grande Amor da sua vida?

Renan tragou forte o restante do cigarro, em seguida tomou o que sobrou da Bacardi a cowboy, de uma vez só. Seu olho lacrimejou por alguns segundos, mas ele também o engoliu seco.

Uriel continuou:

- Por quê você simplesmente não dá um basta? O desastre psicológico na mente delas é tão intenso que hoje elas podem te amar, e amanhã elas podem te matar. A linha tênue, entre o amor e o ódio, está cada vez mais fina dentro da cabeça dessas moças. O amor é como um palito de fósforo: Não pode ser riscado duas vezes, mas você teima em reascender essa chama, desgastando e corroendo cada vez mais a vida delas. Sei que você é danificado, amigo. Seja flexível. Você é uma pessoa boa, mas causa um mal terrível a essas garotas. Talvez se ...

Um estouro! Renan, gritando, interrompe Uriel e diz:

- Porra! Chega! Uriel, você tem nome de anjo mas me julga como o próprio Deus. Minha vontade não é surfar nas águas salgadas saídas dos olhos de ninguém. Se alguns relacionamentos meus acabaram, todos foram por culpa dessas filhas-da-pu ..

Renan se cala. Ele percebe que tudo que Uriel disse era incontestavelmente verdade, reconhece e admite, para si mesmo, que tudo que sairia da sua boca dali por diante seria uma tentativa inútil de ludibriar alguém que o conhece tão bem. Era um iceberg grande e seu Titanic afundou ali mesmo, na varanda da casa de seu amigo, com cigarros e álcool. Renan pôde pousar suas lágrimas no melhor aeroporto do planeta, no ombro de seu grande amigo, Uriel. Renan, soluçando, suspirou falho e tirou forças do fundo do seu lamento para poder expressar, com honestidade, o que realmente sentia. E disse:

- Eu sou o culpado, somente eu. Eu sou o culpado disso, disso tudo!

sábado, 20 de outubro de 2012

Lembranças enfadantes.

Realmente, está mais doloroso do que o esperado. Mas eu não preciso disso, nunca precisei. Às vezes isso é necessário, às vezes é inevitável. Não me importo o que as convenções dizem. Só quero continuar no meu caminho, nem que este continue obscuro e imprevisível, nem que em cada esquina eu encontre mais e mais caminhos, tendo mais e mais escolhas, aumento gradativamente a dificuldade, e a exigência das coisas a serem deixadas.

As minhas exigências estão começando a pesar cada vez mais. É como se tudo que eu aprendi nas estradas traiçoeiras que passara não tivessem servido de nada, como se cada pancada que eu sofri tenha sido apenas mais um estorvo. Já passei por tantas coisas piores, várias dessas coisas foram substituídas, umas melhoraram outras nem tanto, mas foram mudadas. Você parece não ter substituto, mas todos têm.

Não entendo tudo isso que está acontecendo, na verdade eu nunca entendo nada. Só depois de acabado, que eu lembro e rio insaciavelmente, como um imbecil, afinal, é o que sou. Um imbecil que precisa de algo, algo nunca mencionado, algo que nem eu sei, e monotonamente, só saberei quando a conseguir. Ou quando já estiver perdido-a.

Só querias que todos os choros escondidos valessem à pena. Dizem que chorar limpa a alma, que a purificam. Por acaso é algum efeito tardio?

Ainda me prende nessas estradas, eu me prendo a você. Quero seguir meu caminho, mudar a direção, mudar de faixa, virar à esquerda, dá ré, ir em frente. Não importa. Quero libertar-me disso que me prende que me faz ainda sentir-me mal por tudo que já passou. JÀ PASSOU. Pronto! Porém não é fácil como deveria ser. Tudo faz ser mais difícil, cada circunstancia, cada momento, cada lembrança, cada maldita lembrança.

Por: Erick Fiorote.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

O Jornal do Bem



Ao passar em uma banca no centro da cidade, Lanna acabou lendo algo que chamou a atenção. 'O Jornal do Bem' esse era o título desse incrível papel reciclado e morno. Depois de desembolsar uma quantia pelo produto e agradecer ao dono da banca, sentou-se no canto da praça, numa grama e começou a foliar este incrível noticiário de utopia. Espantou-se de felicidade com a capa, lá dizia o seguinte: "Todas as religiões fizeram as pazes." Lanna olhou, envergonhada, para seu crucifixo e refletiu:

- "Jah, Jeová, Alá, Deus. Tenho certeza que é a mesma luz com nomes diferente. Cada religião tem seu próprio livro sagrado. No cristianismo é a Bíblia, conta a história de Jesus Cristo. No Islã é o Alcorão, conta a história de Maomé. No Budismo o livro sagrado é o Tipitaka, conta a história de Buda. Todos livros foram construídos, praticamente, em cima do mesmo alicerce: Que existe algo superior e bom acima de nós. São parecidíssimos também pelo fato do "nascer impossível". Jesus Cristo nasceu de uma virgem, Buda de uma flor de Lótus. São iguais também pelo fato de plantar o bem, prosperar o amor e abandonar riquezas materiais. Mas, infelizmente, o mundo é dividido por algo que, na verdade,  deveria nos unir."

E continuou a ler. Em seguida veio a parte da política. Dizia o seguinte: "Acaba a corrupção no mundo." Lanna olhava empolgada para os lados, verificando se alguém estaria absorvendo as mesmas notícias agradáveis que ela. Os olhos percorriam rápidos as palavras, quando terminou de ler o artigo pode refletir novamente:

- "Acabando a corrupção, acaba tambem a miséria. Acabando a miséria, acabariam as guerras e consequentemente acabaria a necessidade de uma defesa civil, pois estaríamos em paz. Sem impostos para o governo, eles não poderiam gastar com coisas inúteis como propaganda eleitoral, armamento ou a estúpida vontade de procurar água ou vida em outro planeta. Tudo isso se tornaria obsoleto e quem ganharia seria o próprio povo. Cadeias se fechariam e escolas abririam. O Governo cairia e regrediríamos para um futuro calmo e tranquilo, assim como está escrito em qualquer livro sagrado de qualquer religião. O sistema aplicado seria o Socialismo puro. Os ricos se envergonhariam de ter mais que os outros e igualizariam suas fortunas com os mais humildes. Escolas e Hospitais seriam todos públicos, todos estatais, pois agora só existiria a vontade de ajudar e não de lucrar. As etiquetas cairiam, suas grifes caras não seriam mais um gesto de superioridade herdado de sua condição financeira elevada, e sim um gesto de pequenez espiritual e fragilidade pessoal, seria um verme menosprezado pela visão pública. Seria apenas um Burguês filho-da-puta!"

Lanna agora podia enxergar o sorriso no motorista de ônibus, no vendedor de pipoca. Todos com o mesmo respeito social, a mesma importância na sociedade. Os homens que limpam nossa cidade agora trabalham com dignidade e não pulam de alegria apenas no carnaval. As Boas-tardes são sinceras dos balconistas do Mc'Donalds, os mecânicos só consertam o que realmente precisam ser consertado.  O encanador poderia ser feliz, pois seria muito bom em que trabalhou e estudou sua vida inteira e ainda ser um privilegiado social, pois teria a mesma importância de um bombeiro, de um carteiro, de um salva-vidas, de um biólogo, de um fotógrafo, de um cineasta, de um professor.. enfim, seu valor social seria íntegro. Olhou ao redor e viu que estava vivendo aquele sonho mundial, onde ninguém nunca fez nada para realizar. Simplesmente estava acontecendo, bem ali mesmo, em sua frente. Molhou a ponta do dedo indicador direito com a língua e revirou mais uma página. A matéria a seguir falava a respeito do esporte. Dizia o seguinte: "Jogadores de futebol, assim como os demais esportes, jogam apenas pelo prazer, por diversão." Lanna releu para confirmar o que dizia a notícia e em seguida refletiu consigo mesma:

- "A descapitalização do esporte é um passo importante para qualquer cultura. Não seria clichê dizer: "O importante é competir, não vencer."  E claro, assim como toda aldeia tem seu melhor caçador, ainda teríamos os craques do futebol, os mitos do basquete, mas ainda estaríamos lidando com pessoas que gostam realmente do que fazem. Ainda teríamos competições locais, municipais, internacionais e mundias. E Assim como os músicos, os aventureiros e os pesquisadores, eles iriam receber uma quantia pelo o que gostam de fazer. Palmeirenses abraçariam Corinthianos após a final do brasileirão. Os que perderam diriam apenas que tentarão no ano que vem. Os que ganharam afirmariam que foi pura sorte, diriam que o outro time jogou melhor e que se Deus quiser, o camisa 10 do seu time estará estar na minha seleção em 2014. Nessa utopia, toda profissão seria um hobbie e toda competição seria filantrópica."

Sem perder tempo, Lanna avança para a próxima página. Lanna nunca esteve tão excitada em toda sua vda. Ela está abduzindo cada palavra, toda ideia como se sua vida dependesse disto. Tem cravado a seguinte frase na próxima página: " O segredo para amar é . . " De repente, Lanna interrompe sua leitura pois escuta um cacarejo lá no fundo do seu pensamento. Ela procura ao redor e não encontra nada, nenhum sinal de galo ou som. Tenta voltar para o jornal e as letras estão embaraçadas. Olha para o céu e tudo está escuro. Olha para o chão e sente que está caindo de um prédio. Ao acordar desse sonho, desliga rapidamente o despertador de seu celular e olha as horas. São 5:30 de um novo dia. É Quarta-feira e ela está atrasada pro emprego que odeia, no qual só trabalha para comprar coisas que, na verdade, não precisa. Desejou morrer à viver a realidade. Lá estava ela indo para parada de ônibus com medo dos ludibriadores da madrugada, os ladrões, os desfavorecidos sociais. Depois enfrentaria a apatia ao entrar em um ônibus cujo o motorista não retorna o bom-dia, pois detesta a profissão. Logo após se sentaria ao lado de uma pessoa irritante e hipócrita. Allana comprou um jornal e viu mais notícias mortais entre diferentes religiões, corrupção no governo e sobre uma possível briga entre torcidas organizadas. Pela primeira vez em sua vida, Lanna desejou não ter acordado. Pela primeira vez em toda sua vida, Lanna desejou encontrar seu nome no obituário desse jornal do Mal.


terça-feira, 25 de setembro de 2012

Uma noite no Rio de Janeiro



No coração do Rio de Janeiro, Rhyder admirava o mar e a noite. Céu tão estrelado e sem nuvens, sem lua. Estava perfeito para uma noite sossegada. Sem risco de chuva, assim sua fogueira poderia lhe aquecer durante a noite inteira. Ele brincava com as estrelas, contava as maiores e sorria toda vez que perdia a conta. Sentiu-se culpado por ser um amante da lua e não estar sentindo um pingo de saudade. Refletiu por alguns segundos e divagou consigo mesmo:

- "De vez em quando é preciso deixar de ver o que mais brilha em você para poder perceber o que também reluz no seu ser. O mérito é do todo, mas os detalhes fazem toda a diferença. Você pode passar sua vida inteira admirando a beleza lua, mas o homem só dobra o joelho e faz pedido, quando aparecem as raras e incríveis estrelas cadentes rasgando nosso céu." 

O oceano estava calmo. As ondas chegavam aos seus pés preguiçosamente, molhando sua tornozeleira de couro e banhando seus calcanhares, tirando toda a areia que massageavam seus pés. Negro, alto, magro e parcialmente tatuado. Um homem com enormes marcas de riso no rosto. Uma pessoa não treinada ou leiga sobre a alma deste rapaz, poderia apostar sua vida que existe tatuado um riso em seu rosto. Muitas cicatrizes e nenhum rancor. Espírito jovem, renovável. Uma criança, que perdoa o amigo que roubou seu brinquedo, pelo simples fato de não querer brincar sozinha. Um homem que não julga mais a si mesmo, pelo complexo fato de saber que não se deve fazê-lo. Seus dreads estavam soltos e balançavam de acordo com a dança do vento.  Estava fazendo as pazes com a Mãe Natureza. 

De repente, um homem bêbado surge gritado:

- Eu te mato desgraçado! Você roubou a minha vida, seu filho da puta!

Os gritos tinham um gosto de whisk caro e cigarro de menta. O terno, agora amarrotado, parecia ter um valor monetário alto, o mesmo se pressupunha sobre os sapatos e o corte de cabelo. O homem rico e bêbado chamava-se Tyler. Havia sete horas que Tyler soube da traição de sua noiva, Nívea.

Rhyder não estava entendendo nada. Mostrando as palmas das mãos, um gesto de submissão, ele tentou acalmar o homem irado.

- Espere aí, irmão. Eu o quê? Roubei o quê? Acho que você me confun.. 

A prosa pacífica de Rhyder foi interrompida por um soco revoltoso e desequilibrado de Tyler. Rhyder caiu no chão feito fruta madura, como chuva de verão. Enquanto Tyler usava sua espada como ataque, Rhyder usava seu escudo como defesa. Depois de socos e sangue, Rhyder conseguiu imobilizar Tyler, e disse:

- Cheguei de Brasília hoje, não sou quem você procura! Essa é briga é tão desnecessária quanto um feriado num domingo. Vamos nos acalmar e conversar, afinal, você está degladiando com a pessoa errada.

 Ódio, uma garrafa de Whisk e duas doses de medo anestesiaram a lucidez de Tyler. Com tanto suor, um pouco do álcool saiu em forma líquida entre os poros do homem enraivecido, facilitando assim o uso de sua razão. Sentindo a respiração do refém voltando ao estado normal, Rhyder frouxou um pouco o nó que seus músculos faziam ao redor do pescoço de Tyler e deu liberdade ao homem preso em seus braços. Tentando esclarecer os fatos, Rhyder disse calmamente:

- O que houve, irmão?

Chorando, Tyler respondeu:

- Pensei que fosse você. Confundi você com o cara que roubou minha garota, Nívea. Você se parece muito com o homem que a tomou de meus braços. Ela é o amor da minha vida. Jamais vou conseguir viver sem ela.

Rhyder sabia de três coisas; A primeira era que ele sabia que esse homem conseguiria viver sem sua garota, Nívea. A segunda é que ele sabia que era um assunto bastante delicado. E por último, também sabia que não era amor coisa nenhuma! De repente as palavras lhe escapuliram pela boca:

- Há quanto tempo conhece Nívea?

- 2 anos. - Respondeu Tyler, confiante que sua resposta justificaria suas atitudes.

- Você aparenta ter uns 40, 42 anos. Pelo cheiro do seu hálito, você fuma e bebe. É claro que a nicotina e o álcool lhe acrescentaram alguns anos a mais. Eu diria que você tem 36 anos. Se minhas contas estiverem certas, você passou 34 anos vivendo sem a atmosfera que lhe faz respirar. Bom, você consegue sim viver sem ela, fato! Não era amor, olhe para você. Bêbado, sujo e sangrando por alguém que deve estar se divertindo com algum homem de cor. O amor é benigno, não te faz sofrer. O amor está sorrindo por aí, e não arrancando o que lhe resta da sua dignidade. O amor não é um câncer. O amor não é hostil, não batalha, não é cruel. Amar é assinar um acordo espiritual sem ler as letras miúdas no rodapé do contrato. É investir todas suas fichas de uma vez só. Amar é aceitar seu fim, mesmo que para você seja apenas o começo. Amar uma pessoa é aceitar sua decisão, é poder andar por aí com um sorriso que não é seu, pois você finge sua própria alegria só para não embaraçar o riso da pessoa amada. Se você, Tyler, amasse mesmo a Nívea, estaria silenciado sua dor para poder escutar a alegria dela.

Tyler olhou para aquele homem durante alguns segundos, tentando imaginar como uma pessoa seria capaz de ser tão sensível assim, tentando convencer-se de que ele seria algum tipo de alucinação. Um maltrapilho estava lhe dando uma lição sobre o amor. Tyler refletiu por alguns minutos. O desconhecido havia acertado sua idade e seu sentimento. Era um deus? Um anjo da guarda? Já se sentia sóbrio quando teve a certeza que, realmente, não era amor.

Rhyder continuou:

- E guerrear com o homem que sugou sua querida Nívea não irá adiantar nada, não irá traze-la de volta. Minha família inteira morreu afogada em um cruzeiro pelo pacífico do sul, mesmo assim nunca cravei nenhuma batalha contra o mar. Aprenda a perdoar, mas primeiro se perdoe. Quando eu aprendi a me perdoar por não estar com eles no cruzeiro, eu pude perdoar o mar. Hoje a maré me faz massagem em meus pés e conforta o meu luto com carinhosas doses de água salgada. Seu choro de arrependimento é eterno. Eu perdoei o mar.

Tyler chorou e chorou mais ainda. Percebeu que encontrou sua paz numa gaveta dentro da boca de um desconhecido. As palavras de Rhyder, adormeceram a raiva de Tyler. Estava em paz, sossegado. Entre os socos que deu e as palavras que ouviu, percebeu quem sentiu mais dor naquela noite, foi a nocaute com um discurso honesto vindas de um homem de bem.

- Você é um deus, um anjo da guarda, um amigo que quero ter para o resto de minha vida. Obrigado, irmão. Estou em paz. - Disse Tyler, arrependido e alegre.

Rhyder, gentilmente, respondeu:

- Os homens usam seus deuses para justificar suas próprias vontades de seguirem instintos primitivos de guerrear e destruir! Guerras santas, corrupção favorável há uma nata de pessoas que estão no poder. Dividir pessoas por causa de uma crença que não seja a que me idolatre, que não seja a mesma que a minha, isso tudo não simpatiza com o que eu vivo e acredito. Não sou um deus, pode apostar. Em todos as gravuras de livros, os anjos têm sempre o mesmo estereótipo: Brancos, loiros e com cachos lisos. Tampouco sou um anjinho, acredite. Mas posso ser para sempre seu amigo. Isso eu posso e faço questão de ser. Entenda, Tyler, eu sou apenas uma criança que procura o bem, sou amigo da paz e brinco de ser feliz. Venha cá, sente-se perto da fogueira. Deixe-me te contar uma frase que pensei hoje mais cedo, é a seguinte:  "De vez em quando é preciso deixar de ver o que mais brilha em você para poder perceber o que também reluz no seu ser [...]."


terça-feira, 11 de setembro de 2012

A dama e o Vagabundo.



Um colchão d'água ouviu o gemido do nosso grande segredo, sua virgindade evaporou-se no balanço do mar sintetizado, no embalo genérico de uma rede. No primeiro beijo você entregou sua vida, eu apenas consignei o meu desejo carnal. Cinco anos atrás eu reparei na sua saia branca cor-de-paz, um mês depois teu sobrenome já me lembrava a minha estação do ano predileta. Sorri com toda vontade quando você cogitou em mudar a coloração da sua crina por minha causa, como se o lume do sorriso de mulher não fosse a melhor simpatia e preferência que todo homem de bom senso tem.
Minha aliança prateada no dedo anelar direito não impediu nosso sexo semanal ou nossos beijos diários. Desfrutávamos da minha infidelidade, esbanjávamos desculpas pra fazer nosso pecado, afinal não podia ser tão ruim assim ir pro inferno depois de ter chegado ao céu tantas e tantas vezes na beliche do seu quarto. Fotografei cada parte do seu corpo nu, sabia de cor seus curvas. Desembrulhei o meu presente e vi toda sua sinuosidade dentro de uma cinta-liga preta e impecável, nunca pensei que somar uma ano a mais de vida pudesse ser tão prazeroso.
Seu amor tentou remendar meu coração tão danificado, seu doce amargou diante de tanta decepção, pois amar é esperar, esperar uma atitude, uma ligação, um elogio, uma mensagem. O coração da patricinha derreteu feito cera e assim eu me tornei, como você mesma descreveu como; "O maior tombo da minha vida". Ainda lembro do cheiro bom do seu banheiro e das risadas que fazíamos brotar dentro dele, das músicas, dos segredos, dos beijos. Massagens em baixo de um chuvisco quente e artificial, o banho que te obrigou a fazer visto, check-in e a decolar pra longe de mim. De repente a patricinha estava a milhas de distância, mas seu lado da cama ainda estava tão quente que demorei um pouco a mais que o normal pra perceber que a saudade já tinha se hospedado dentro de mim. Caída a ficha, reli todas as suas cartinhas de amor.
Ainda hoje me pego imaginando eu segurando uma daquelas plaquinhas ridículas, escrita seu nome ou alguma frase engraçada e significativa pra gente, em algum lugar do aeroporto de Brasília. Vendo você voltando com aquela elegância da socialight e me dando um daqueles abraços que a gente consegue sentir a saudade se dissipando no ar, sumindo.

domingo, 9 de setembro de 2012

Nasce, trinca e quebra



E então eu consegui arrancar, sem força, a película fumê que vestia seu corpo de vidro. Dia após dia eu, sem pressa alguma, descascava um pouco do seu escudo natural e absorvia algo novo. Minha curiosidade de criança e sua forma apressada de conhecer almas brincaram feito irmãos, caminharam de mãos dadas no fim de alguma tarde de calor. Passei a enxergar através do seu ser, já não vejo o puto do meu reflexo. Desenhava nossas iniciais em você o tempo todo. Esboçava com meu dedo indicador no seu vidro transparente e embaçado pelo mormaço do meu hálito, você sorria do quão bobo e significativo era isto.
Desatenção, um pouco de descuido, um deslize. Você se quebrou! Teu vidro se espatifou e hoje sangra minha mão quando vou te tocar pela manhã, quando tento te reciclar na noite. Hoje são só palavras embriagadas e cosméticas, vazias. O sexo passou a ser por esporte. O que era uma visão límpida se tornou num borrão de rancor e medo. Entre um beijo e outro, eu faço a mesma pergunta para mim mesmo; Será que quando as cervejas e vodcas esvaziarem, o sol raiasse e a festa acabasse, eu ainda seria aquele mesmo cara que cultivava seu riso bêbado e seu orgasmo no dia anterior? A resposta é sempre uma briga, nada de beijo e um olhar zangado durante a ressaca. Dedico então o começo do meu dia a contar as bitucas de cigarros espalhados pela casa e jardim. Um jeito de matar o tempo e relembrar das danças, dos beijos, dos abraços, dos cigarros compartilhados, dos amassos no sofá, das loucuras no banheiro e de todas as nojeiras jubilosas do dia anterior. Sentia que estava apaixonado ali mesmo, vendo você soltar o último vestígio de fumaça da sua boca e nariz simultaneamente, depois de uma bela tragada no narguilê. Sentia também um pesar enorme vendo todo essa paixão sendo sintetizada pelas circunstâncias, você se pintou, envelopou cada pedacinho seu de negro fosco. Não vejo mais nada! Não vejo além e nem o meu puto reflexo. Vejo apenas o amor sendo sugestionado a nunca acontecer devido a jamais ser pronunciado por nenhuma das bocas que se encostam ou discutem, porquê elas apenas se calam!

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Cada parte do seu corpo.



Vi o arco-íris ficar sépio quando reparei  no degradê da sua úngula, seu esmalte forte tirou todas as cores do meu mundo. Um daltônico, só enxergo as cores das tuas tintas. Não notei sinal algum de leuconíquia em suas unhas, sinal que seus dedos apontam somente em direção a verdade. Tombei quando meus olhos acompanharam todas as curvas das linhas na palma da sua pequena mão. A mesma mãozinha que agarrou a minha e me impediu de ir embora, e hoje insiste em me dar tchau. Isso me matou várias e várias vezes. Você é uma criminosa, fez genocídios dentro de mim. Sua munheca, sempre com várias pulseiras largas demais para um braço tão fino e magro, faziam um bagulho engraçado quando encostavam umas nas outras e compunham uma canção magnética que fazia o meu coração de ferro ir de encontro com a volta do seu braço. Sou um politeísta pra religião do seu corpo, acredito em todos os seus sagrados abraços. Seu ombro não é mais aeroporto para minhas lágrimas, seu cangote já não é canudo para meus lábios. Seu coração e tímpano explodiram de tanto ouvir o eco da mesma nota musical, você bateu demais em uma tecla tão desafinada. Se suicidou com a própria clave de sol que musicou uma canção de amor. Teu olhar já duvidada da sombra dos meus gestos, a desconfiança foi coroada com o título de infidelidade. Pele branca, cabelo com pontas-duplas, sardas e pintas. Posso fazer um esboço perfeito da sua silhueta com um lápis inapropriado para desenho. Posso te pintar com cores primárias, aquelas do arco-íris que não enxergo há um bom tempo.





terça-feira, 14 de agosto de 2012

Saudade, um pecado mundial.



Afim de satisfazer minha lascívia, te devoro! Se olhasse uma estrela cadente rasgando o céu, você seria meu único pedido. Meu egoísmo e minha avareza não poderiam palpitar ou tentar argumentar contra minha real vontade. Se encontrasse uma lâmpada e de lá saísse um gênio, você seria meus três desejos. Meus caprichos não tem espaço perto do meu sonho. Meu apego e valorização sobre a pinta do seu seio faz de mim teu escravo. Minha luxúria é inquilina do seu corpo, você é o meu melhor filme pornô. Sinto que vou explodir, mas não sacio essa vontade de comer você em todos os cômodos da casa. Essa dieta faz minha gula parecer inofensiva e saudável. Sinto inveja do seu urso, do seu cobertor listrado e com flores, do seu travesseiro de pena de ganso. Pudera eu ter a certeza de sentir sua presença no dia-a-dia. Não controlo essa vontade de trocar de lugar com sua escova de dentes velha ou seu batom de cor forte, só assim beijaria sua boca e língua todos os dias. Eu, narcisista que sou, fico surpreso com minha falta de soberba quando você está por perto. O reflexo do espelho não é mais tão importante, minha vaidade ausentou-se para de baixo do tapete junto com toda sujeira do meu espírito, pois você filtra minha alma e cega meus olhos treinados para com meus defeitos estéticos. Completamente enfeitiçado em assistir as horas passarem, lá vem os ponteiros do relógio obrigarem você a se afastar de mim. Então, conheço a cólera, a ira e os protestos que existem dentro de mim, todos contra um dia que, involuntariamente, se passou rápido demais. Me sinto tão disposto quando lhe digo: "Olá". São as primeiras horas da tarde. Renasço ali mesmo diante dos seus cílios enormes, sua boca carnuda, seus seios limitados e sua presença reluzente. Agora são as últimas horas da noite e você tem que ir. Morro ali mesmo na presença dos cascos vazios de bebidas, das bitucas de cigarro e de um beijo que vacila zonzo. Me sinto adoentado, sinto muita preguiça em lhe dizer "Adeus". Está escuro, só vejo sua ausência. Leva um tempo e meus olhos se acostumam com as trevas, agora enxergo a saudade.