sexta-feira, 17 de maio de 2013

João de Barro ♪



Nunca tinha visto a linha pontilhada do pensamento dele ferver tanto quanto quando ele contava seus planos de alugar um apartamento, de três cômodos, e rachar o barato aluguel com você, sua gorda. De como ele procurava falar da maneira mais masculina o quanto ia ser divertido em te ajudar a lavar a louça, secar os copos, guardar os talheres e alguns outros serviços do dia-a-dia, que um dia viraria rotina. Por amor eu vi um filho mimado não se importar em sair do protetor colo de mãe e do aconchego dos remédios caseiros da vovó. Vi esse cabeçudo trocar as roupas passadas e bem guardadas, por mãos que sabiam apontar a melhor direção, em troca de alguns carinhos, bilhetinhos grudados em imãs de geladeira, comida queimada e o melhor encaixe de concha, feito lego. Vi ele trocar de atmosfera, vi o peixe tentar respirar fora d'água. E valeu a pena, pois qualquer um via que ele estava mais interessado em plantar uma nova família do que continuar colhendo frutos descascados e prontos para comer de sobremesa, feitos pela mamãe, da família que ele já fazia parte. E de repente eu vi alguém onipotente tornando-se frágil e vulnerável, tocando músicas com refrões melosos e repetitivos, implorando de volta um amor que foi e talvez não volte mais. De repente seu coração batia fora do seu peito. Seu coração andava por aí dirigindo um carro branco, tinha cabelos loiros e uma séria briga com as balanças que decoravam entradas de algumas farmácias. Um péssimo gosto pra tatuagens e um enorme carinho com seus cunhados. Seu coração tinha um vocabulário cheios de guloseimas, alguns beijos em pontas de narizes e um sério jurar de dedinhos que enforcava, por si só, toda dúvida contrária à verdade. O entrelaçar dos dedos mínimos era o jeito mais sincero e bobo de dizer que cumpriria aquela promessa, custe o que custar. 
Meses depois [...]

"Em caso de saudade, quebre o vidro." 

Acho que todo dia ele sangra tentando juntar os pequenos pedaços de vidro avermelhados do chão, uma medida desesperada e corajosa. Isso tudo para tentar restaurar e colar, pedaço por pedaço, um coração que ele mesmo partiu. 

Mas como negar esse amor se até no final do nome dela, tem um comecinho dele?



Para: Rafael & Mayra.


ps: Durante todo o texto, escutei apenas uma música;  Maria Gadú - João de Barro

10 comentários:

  1. ha chorei =/ esse vai ser o primeiro texto do seu livro! Aquele que as pessoas irão ler e sentir vontade de viver um amor assim!!! Aqueles que você pula la do alto de mãos dadas sem medo do que está por vir... Que mesmo sendo seu malvado favorito ele vai estar la por você! Esses que valem um bom filme de romance....

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    1. Esse texto tem que ser o começo mesmo. Aí o que vocês viverem daqui pra frente, eu ponho no papel mais adiante.. Mas eu só escrevo o livro se vocês prometerem que vai ter um final feliz :)

      Beijos, gorda anônima.

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  2. Rô... entrei pela história, mas qnd li o texto, fiquei emocionada, surpresa e ao mesmo tempo feliz, por me deparar com um texto tão bem escrito e sucinto. Vc está de parabéns, fiquei super orgulhosa de vc, a admirando sempre um pouquinho mais !!! Eu sempre soube que vc se tornaria um grande homem! Saudades, beijos, Rosana ( irmã da Silvana! ).

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    1. Obrigado, Rosana. De verdade :)
      Depois você canta Offer da Alaniss pra mim ? >.<

      Beijos do rô.

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  3. POrra man, fico muito irado...
    primeiro texto seu que paro pra ler sem você implorar pra eu ler . kkkkk
    é nois Chris & Greg !

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    1. Jamais pedi nada ! kkk Tu que pedia pra eu ler os teus e ainda pedia pra eu 'comentar' kkkkkk :P
      Tipo Ryu e o Ken (8

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