terça-feira, 4 de novembro de 2014

Sobre decisões



Lindas. Vocês, as mulheres, são, de uma forma ou de outra. A cor da áurea, a flor do vestido, o gestual do andar, o dengo, o bocejo de preguiça, o riso a toa. Sempre tem um detalhe que emergem vocês dessa sombra de invisibilidade. Eu sou apenas o cara que carrega o lampião no olhar, afastando a escuridão pra longe, e assim conseguindo enxergar a oportunidade de uma possibilidade que não existia segundos antes. Uma dança, um cinema, um piquenique. Não importa. E então eu beijo sua boca bem devagar e com empolgação. O mar encolhe pra você. Virei o seu príncipe sem me preocupar de estar montado no cavalo certo. Mas em toda ressaca, e eu vejo que não estou tão disponível emocionalmente como pensei estar na noite anterior. Não por egoísmo, poxa. Tenho 25 e já não me vejo no direito de jogar fora seus anos mais férteis. Você merece o vestido branco, mas eu não posso te dar, não agora. Agora eu quero nadar por toda extensão do mar. Muitas ondas, música caiçaras, fogueiras. Não quero sair daqui, agora não. Quem sabe um dia, quando os ventos disserem seu nome em assobio. Quando eu menos perceber, minha camisa virar o seu pijama. Quando a música no rádio me disser o número do seu telefone. Quando um dia frio der as caras e eu escolher um filme de engraçado só para eu escutar as nuances do seu riso. Quando o desconforto do silêncio não existir entre nós. Prometo me casar com você. Mas antes de trocar toda a imensidão do mar por uma pequena piscina, primeiro vou me certificar que a delícia de nadar seja igualmente prazerosa.

Apito para cães




"Eu amo você."

Pensei ter escutado essa três palavras saírem pela sua boca tão feminina. Engano meu, um amigo se apressou em dizer.

- Ela não disse isso. Garanto!

Mágica. E de novo eu escutei algo que você não disse. Ou talvez meu amigo não teve a sensibilidade para escutar e só eu ouvi, como um apito para cães.

- Você não fala com ela há anos, cara.

Um estranho. O abraço é desajeitado, o adeus sai tropeçando as vogais. E até um beijo no rosto que eu lhe roubo, tenho que pedir com licença e por favor..

- Ela não te ama mais, amigo.

- Mas eu sim.

Talvez meu amigo não saiba que o amor não é uma ficha telefônica que te permite ouvir a voz de quem se ama. O amor desliza pro lado da filantropia, da caridade, da benevolência e da compaixão. E se o amor fosse um bilhete caro para entrar em um parque, eu me divertiria aqui mesmo, do lado de fora, comendo meu algodão doce da cor dos seus cabelos loiros.

- Idiota.

Silêncio total.

- Desculpe, cara, não quis te ofender. Não fique chateado.

E então eu sorri.

- Viu?

- O quê? - ele perguntou surpreso.

- Não te disse uma palavra e você percebeu algo.

- Sim, mas ..

- O silêncio pode te dizer muitas coisas. Como apito para cães, sabe?

domingo, 2 de novembro de 2014

Perdidos no tempo



Somos escravos consumistas
acorrentados pela burguesia,
somos forçados a comer porcaria,
a trabalhar 24hs por dia.

Meros fantoches do diabo
estamos andando pelo lado errado
presos numa tela colorida
assistindo apenas mentiras

Aonde foi parar a nossa vida?
Estamos perdidos no tempo.

Somos jovens com algum talento.
nosso sangue ainda quente,
pedimos uma revolução urgente.

Não somos Gandhi nem Jesus Cristo,
Malcom X ou Tiradentes
estamos fadados ao acaso
de uma derrota eminente

Talvez seja verdade,
disso, a culpa, temos parte.
Tá tudo errado, o planeta tá virado
a morte ri para quem já nasceu condenado

Cabe a nós sermos diferentes
mostrar ao mundo que somos independentes.

Chega de verdades impostas,
de gente hipócritas, fascistas,
de gorvernantes egoístas.
Chega de violência, de carência,
fome e miséria.
Chega intolerância, preconceito e ignorância.

Maldito mundo materialista,
refém de um país imperialista

Somos jovens e temos o poder nas mãos,
não há tempo para viver em vão
agora é a hora da revolução.

Só não pode ficar ai parado,
com cara de tapado,
sentando, de braço cruzado,
papeando com o Diabo.

Por: Martins, Ulysses.