sábado, 25 de maio de 2013

Meia-dúzia ou seis.



Sua saia roxa e sua blusa colada, sem passar e com marcas de cabide, embrulham seu sensualismo de mulher e seu desleixo de adolescente numa pessoa só. Consigo visualizar você, mentalmente, com uma postura ereta e seu pequeno braço direito segurando de mansinho o esquerdo, no alto do cotovelo, criando uma barreira que poucos homens conseguem driblar. O fato de você viver abraçando a si mesma me passa uma mensagem subliminar de carência e, ao mesmo tempo, de desafio. O jeito que você me olha, sempre de baixo para cima, me sugestiona a cuidar de você. Aquele olhar, carente e decidido, imobiliza minha malícia e tudo o que eu consigo sentir é uma compromisso em ser o seu redentor, em te fazer feliz. Como se você fosse quebrável, de vidro. E até um beijo que eu te roubo, eu tenho que pedir licença e por favor. É como andar em uma piscina de gelo. Se você fosse uma caixa estaria estampado pelo fabricante - "Cuidado! Muito, muito frágil." E assim você enganou o desvirginador da sua alma e todos os garotos que seguraram sua nanica mão ao atravessar a rua. Eu enxerguei além da tautologia da sua delicada e vulnerável alma feminina, e do clichê do sexo frágil. Eu vi você como uma Quimera, reservada e pronta para atacar. Da cintura pra baixo uma mulher com curvas de rio, moldadas para o samba. Da cintura pra cima um rosto juvenil e dócil, uma pele macia e um sorriso curto. E dentro, um coração calejado em banho-maria, pronto para dançar uma música lenta de rosto colado ou para pular carnaval durante todo o mês de fevereiro. Olhando a interrogação na linha pontilhada do seu pensamento eu me pego implorando para você dar apenas o primeiro passo em minha direção, porque o resto do caminho eu te carregaria no meu colo. Como se você fosse minha casa e independente da porta, eu entraria no mesmo cômodo. E entre tantos números, eu me pego confuso e desalinhado, tentado a escolher entre meia-dúzia ou seis - em outras palavras: Ou você fica comigo, ou eu fico com você

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