terça-feira, 20 de novembro de 2012

O enigma do pesar e distância

E quando todas as estrelas e furações já foram nomeados, Ela chutou a porta da minha vida e entrou sem olhar para os lados. Apresentou-se dizendo sua graça da forma mais deselegante possível e se aconchegou na sala, perto da lareira. Ela pintou as paredes do meu quarto de amarelo e me fez reler todas as cartas de amor guardadas em caixas de sapato na garganta do meu guarda-roupas. O bubbaloo, de sabor diferente do meu predileto, passou despercebido, pois Ela me deixou distraído demais para distinguir os gostos dos meus próprios caprichos. E quando o céu me toca e vai embora, é Ela quem fica. No inverno, bocas pronunciam o nome Dela com mais frequência, com mais intensidade. Ela emerge desse sombra de invisibilidade, principalmente, em aeroportos e enterros. Quando você sabe a densidade e perfurações do esmalte da pessoa amada, Ela aparecerá quando você não mais sentir os arranhões de sexo ou os beliscões de repreensão. Eu, que amei, fui admirado feito flor, agora sou pisoteado como grama, por Ela; a saudade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário