terça-feira, 14 de agosto de 2012

Saudade, um pecado mundial.



Afim de satisfazer minha lascívia, te devoro! Se olhasse uma estrela cadente rasgando o céu, você seria meu único pedido. Meu egoísmo e minha avareza não poderiam palpitar ou tentar argumentar contra minha real vontade. Se encontrasse uma lâmpada e de lá saísse um gênio, você seria meus três desejos. Meus caprichos não tem espaço perto do meu sonho. Meu apego e valorização sobre a pinta do seu seio faz de mim teu escravo. Minha luxúria é inquilina do seu corpo, você é o meu melhor filme pornô. Sinto que vou explodir, mas não sacio essa vontade de comer você em todos os cômodos da casa. Essa dieta faz minha gula parecer inofensiva e saudável. Sinto inveja do seu urso, do seu cobertor listrado e com flores, do seu travesseiro de pena de ganso. Pudera eu ter a certeza de sentir sua presença no dia-a-dia. Não controlo essa vontade de trocar de lugar com sua escova de dentes velha ou seu batom de cor forte, só assim beijaria sua boca e língua todos os dias. Eu, narcisista que sou, fico surpreso com minha falta de soberba quando você está por perto. O reflexo do espelho não é mais tão importante, minha vaidade ausentou-se para de baixo do tapete junto com toda sujeira do meu espírito, pois você filtra minha alma e cega meus olhos treinados para com meus defeitos estéticos. Completamente enfeitiçado em assistir as horas passarem, lá vem os ponteiros do relógio obrigarem você a se afastar de mim. Então, conheço a cólera, a ira e os protestos que existem dentro de mim, todos contra um dia que, involuntariamente, se passou rápido demais. Me sinto tão disposto quando lhe digo: "Olá". São as primeiras horas da tarde. Renasço ali mesmo diante dos seus cílios enormes, sua boca carnuda, seus seios limitados e sua presença reluzente. Agora são as últimas horas da noite e você tem que ir. Morro ali mesmo na presença dos cascos vazios de bebidas, das bitucas de cigarro e de um beijo que vacila zonzo. Me sinto adoentado, sinto muita preguiça em lhe dizer "Adeus". Está escuro, só vejo sua ausência. Leva um tempo e meus olhos se acostumam com as trevas, agora enxergo a saudade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário