terça-feira, 11 de setembro de 2012

A dama e o Vagabundo.



Um colchão d'água ouviu o gemido do nosso grande segredo, sua virgindade evaporou-se no balanço do mar sintetizado, no embalo genérico de uma rede. No primeiro beijo você entregou sua vida, eu apenas consignei o meu desejo carnal. Cinco anos atrás eu reparei na sua saia branca cor-de-paz, um mês depois teu sobrenome já me lembrava a minha estação do ano predileta. Sorri com toda vontade quando você cogitou em mudar a coloração da sua crina por minha causa, como se o lume do sorriso de mulher não fosse a melhor simpatia e preferência que todo homem de bom senso tem.
Minha aliança prateada no dedo anelar direito não impediu nosso sexo semanal ou nossos beijos diários. Desfrutávamos da minha infidelidade, esbanjávamos desculpas pra fazer nosso pecado, afinal não podia ser tão ruim assim ir pro inferno depois de ter chegado ao céu tantas e tantas vezes na beliche do seu quarto. Fotografei cada parte do seu corpo nu, sabia de cor seus curvas. Desembrulhei o meu presente e vi toda sua sinuosidade dentro de uma cinta-liga preta e impecável, nunca pensei que somar uma ano a mais de vida pudesse ser tão prazeroso.
Seu amor tentou remendar meu coração tão danificado, seu doce amargou diante de tanta decepção, pois amar é esperar, esperar uma atitude, uma ligação, um elogio, uma mensagem. O coração da patricinha derreteu feito cera e assim eu me tornei, como você mesma descreveu como; "O maior tombo da minha vida". Ainda lembro do cheiro bom do seu banheiro e das risadas que fazíamos brotar dentro dele, das músicas, dos segredos, dos beijos. Massagens em baixo de um chuvisco quente e artificial, o banho que te obrigou a fazer visto, check-in e a decolar pra longe de mim. De repente a patricinha estava a milhas de distância, mas seu lado da cama ainda estava tão quente que demorei um pouco a mais que o normal pra perceber que a saudade já tinha se hospedado dentro de mim. Caída a ficha, reli todas as suas cartinhas de amor.
Ainda hoje me pego imaginando eu segurando uma daquelas plaquinhas ridículas, escrita seu nome ou alguma frase engraçada e significativa pra gente, em algum lugar do aeroporto de Brasília. Vendo você voltando com aquela elegância da socialight e me dando um daqueles abraços que a gente consegue sentir a saudade se dissipando no ar, sumindo.

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