quarta-feira, 12 de março de 2014

Pare, pense e pense mais.




Motoristas seguravam seus queixos, impacientes, enquanto aguardavam o sinaleiro dar a luz verde para poderem seguir com suas vidas de merda. Alguns mexiam em seus smarthphones, desatenciosos aos malabaristas que recreavam e preenchiam, por alguns trocados, aqueles eternos três minutos tediosos. Mulheres buscavam o próprio reflexo para garantir sua beleza - umedeciam os lábios e apertavam os olhos, aplaudindo em silêncio a perfeição de uma maquiagem bem feita. Jovens giravam, com pressa, a agulha do rádio AM para procurar algum som maneiro, ou da moda. Curiosos julgavam os pilantras de esquina e observavam eles contarem vantagem com garotos mais novos - provavelmente repetindo a mesma baboseira que escutaram quando eram mais moços dos malandros mais velhos, talvez ali, naquela mesma esquina. Idosos olhavam por cima do vidro dos óculos, atenciosos ao tráfego. Adolescentes deixavam o carro apagar e sentiam o poder do descontrole e toda a adrenalina que uma primeira volta no carro da auto-escola podiam fornecer. Crianças carentes batiam com os dedos dobrados em vidros fumês, enquanto faziam sua melhor cara-de-fome para poder convencer à todos da veracidade de sua pobreza e necessidade - na maioria das vezes sem sucesso. Em apenas três minutos observando eu vi: tediosos, distraídos, narcisistas, agitados, coniventes, sentenciosos, eufóricos, delicados, miseráveis, auto-piedosos e omissos. Eu decidi que gosto disso em Brasilia - a diversidade.

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