segunda-feira, 17 de março de 2014

Forgive me, Father. V




- Eu não aguento mais isso, padre. Por quê eu sofro tanta injustiça? Eu tenho orgulho da minha cor. Por que o mundo é tão preconceituoso afinal?

- Porque o homem é um grande filho da puta!

O padre disse isso em um tom triste e agressivo. Sua voz ainda sangrava, talvez por ter conhecido a discriminação na própria cor da sua pele.

- Queria que todos nós fossemos cegos - desejou o rapaz, de uma forma desajeitada, tentando dar um ar de esperança. -, talvez assim o preconceito seria obsoleto em uma sociedade que enxerga apenas com coração.

- Duvido muito, filho. - desacreditou o padre.

- Por quê?

- Porque o homem iria achar a porra de um jeito para dividir as pessoas, acredite!

- Mas como? - insistiu o rapaz.

- Eu tenho certeza que se todos nós fôssemos cegos, ele iria ser preconceituoso com o timbre da própria voz; e assim quem falasse mais grosso seria melhor que o outro. E o resto da história você já conhece...

O padre deixou a frase morrer no ar. Fechou a mão, apertando forte o ponho, a unha rasgando o tecido da palma da mão. E disse da forma mais triste que pode reunir:

- Tiago capítulo 2, versículo 9.

- O que diz lá?

- "Mas, se fazeis acepção de pessoas, estarão cometendo pecado e serão condenados pela Lei como transgressores."

O padre pensou sobre o que disse, e perguntou:

- Sabe qual é a pior raça na verdade?

- Qual? - perguntou o rapaz de uma forma curiosa.

- A humana!

Nenhum comentário:

Postar um comentário