domingo, 20 de outubro de 2013

Ora, cale-se !



E então o silêncio entre o casal permanece, e isso não é ruim. A responsabilidade da conversa a torna preguiçosa e chata. É preciso ter intimidade com o sentir para absorver, feito esponja, a prece calada que a mudez tem a oferecer. Pessoas tem aquela maneira de sempre ter algo a falar, as vezes deixando escapar pequenos segredos, apenas para evitar o desespero e pavor da ideia de um silêncio constrangedor. O beijo, o cigarro depois do sexo, o pôr-do-sol e a flor que desabrocha, eles obsoletam essa praxe barulhenta e sem sentido que é a necessidade de sempre ter alguma coisa a dizer. Os prazeres da vida são um sussurro baixinho, abstrato e gentil, e não um condicionamento pavloviano sobre reflexo, estímulo e resposta. O grito é o socorro ou a raiva, o silêncio é a paz ou a reza.

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