O melhor amigo do Menino . .

Como todo humano egoísta, só percebi o imenso valor dele quando pensei em perdê-lo. Até hoje lembro quando ganhei o meu cachorrinho. Ele era tão pequeno, tão fofo, um floco de neve. Mau conseguia subir no batente entre a garagem e a cozinha, ele tentava escalar, caia e eu sorria muito disso. Era lindo. Acho que pela pressa de chamar e ele me entender, usei a velocidade ao invez da criatividade e coloquei logo um nome: Branko. Adestrei ele com a forca do carinho e consegui fazer ele sentar tranquilamente, é um truque que eu sempre mostro pros meus amigos. Apesar de eu ser o 'dono', concerteza ele gosta mais da minha mãe. Ela é quem dar comida e passa o dia com ele. Onde ela vai, ele vai atrás. Eu faço a pior parte: dar banho e levar ao pet-shop para tosar. Não querendo tirar o mérito da minha santa mãezinha mas se um balão de festa falasse e sentisse, certamente ele iria preferir quem lhe brincou e cuidou, ao invez de quem lhe encheu e apertou. Quantas vezes rolei e brinquei, quantas vezes sorri e briguei. Uma certa vez eu dei banho, passei o secador e ele me aprontou de se enfiar num saco de carvão, nesse dia eu briguei muito e depois sorri bastante. Outra vez, quando meus pais viajaram e eu não sei porque não levei uma menina (é, vacilei),  foi ele quem dormiu comigo na cama de baixo, fiel companheiro. Confiável e brincalhão, pois sempre que jogava uma bolinha, e não importava o quão longe ela fosse, ele sempre trazia de volta abanando o rabinho. Tantas tristes vezes eu passei por ele e nem falei um; Oi amigão, outras tantas nem disse um; Tchau, amigão, jájá eu volto... Quantas vezes neguei um abraço, um carinho atrás da orelha. Lembro até de uma única vez que bati no pobre do Branko, afinal ele queria matar o mísero passarinho só porque estava comendo de sua comida. Hoje, assim como ontem e ontem de ontem, vou rezar pro papai do céu e pedir que não leve esse amigo de perto de mim, pois ele é da família e nos o amamos muitão. Só tenho uma coisa a dizer para o meu cachorrinho Branko: Não vá agora, por favor. Lute! Eu sei que te enchi e te apertei, mas quero ainda andar com você na rua, em uma ponta do barbante eu e na outra você. Você é o meu balão e, como toda criança, eu não quero te soltar, não agora, por favor não vá para o céu agora! Não quero soltar o meu balãozinho.