quarta-feira, 25 de abril de 2012

Alguma coisa sobre o descanso dos mortais.



O descanso perpétuo, o sono profundo. E então o universo lhe arranca a vida, assim como uma esponja seca absorve a água. Rápido lhe puxam pelos pés e não dá nem tempo de dizer até logo. Lentamente os que ficam se acostumam a viver sem sua áurea. É tanta água salgada em olhos, mas garanto que a cólera não coroa bons momentos, o choro homenageia apenas a indignação e a dor não honra quem partiu! Afirmo também que a ausência da vida é apenas um túnel escuro, apenas um longo caminho até a luz. Passaporte só de ida pra algum lugar desconhecido pelo homem, algum imenso jardim com música, alguma casa sem frestas onde se possa dormir e sonhar, sem jamais acordar novamente. Morrer é fazer as pazes com o espírito, entender a vida deixando de lado toda vaidade do corpo. Morrer é apreciar a vida de um ângulo de fora, apanhar os detalhes importantes que lhe fugiram por sua falta de tempo e com sua preocupação exagerada com o que não vale tanto a pena assim. Se despedir da vida é ser bem vindo ao show, só que agora nesse novo espetáculo, você faz parte da platéia. Quem fica sente falta, saudade e qualquer outro sinônimo doloroso. Quem era seu anfitrião sente falta até das bagunças, toalha molhada em cima da cama, sapato jogado nos cantos da casa. A família se despedaça aos poucos nas lembranças por mínimas que sejam, é como comer um fruto e lembrar da doce árvore. Agora sua presença no seu antigo lar é uma fotografia bem cuidada cercada de flores. Seu abraço são roupas ainda sujas com o aroma do perfume importado chamado "i miss you". Quem fica percebe que é um nada, um anônimo que é um entre bilhões de pessoas que vivem em um planeta cercado de estrelas, que por acaso uma delas é o sol e que se localiza em uma galáxia e um dos universos possíveis. Tão vulnerável e tão insignificante. Quem vive não entende a morte, quem morre começa a entender a vida. Mas a vida é assim mesmo, é um cigarro que a cada tragada se caminha para a fim, por isso dê boas tragadas antes que lhe queimem os dedos e tente fazer os mais belos desenhos de fumaça.

2 comentários:

  1. E é o morrer que dá sentido para se aproveitar a vida..

    Ely :P

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    1. O dia também morre, e é lindo. Só lembro de você e do por-do-sol com essa frase. rs

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