domingo, 29 de junho de 2014

NBA



Sempre pensei ser um bom jogador de basquete, porém não sou. Percebo isso na quarta tentativa que faço de arremessar um papel, em forma de bola, no lixo perto da escrivaninha. A barba por fazer; o gelo derretido no whisky, tirando o sabor da bebida agora quente; as juntas dos dedos maciças de tanto serem estaladas; os olhos injetados, cansados; o coração vazio e sem propósito, amassado como todas as folhas descartadas ali no chão. Outra folha amarrotada no chão, na tentativa falha de acertar - a escrita e o lixo. Sem noite de autógrafos e nem NBA. Que fracassado! Um cara de 35 anos sem emprego, fumante e alcoólatra. Sem pais para pedir a benção e nenhuma namorada para propor um casamento. Patético! Depois de martelar mais algumas teclas da máquina de escrever, outra folha é lançada sem marcar pontos, e agora ela decora a sujeira no canto do meu quarto. Errei de novo, porra! Tentativa e erro. Bem poético, mas não é um bom delineador para quem tem maus olhos. Pela sexta vez eu tentei colocar meu coração em um papel em branco em forma de tinta, não consegui e, pior ainda: não fiz nenhuma sexta! Sou um péssimo jogador de basquete.

Nenhum comentário:

Postar um comentário