quinta-feira, 13 de junho de 2013

Triste aniversário



Banhei o cotonete no suco de limão e escrevi num folha de pergaminho, pequena e branca, lavando em formatos de letras meu revolucionário pedido de namoro. Eu só precisava de você, da minha coragem, do meu esqueiro e do nosso lugar favorito; o nosso gramadinho.

O limão secou no papel. O pergaminho estava completamente branco. E então, numa sexta-feira 13, eu acendi o esqueiro, o coloquei em uma distância segura da folha e deixei que o papel recebesse um pouco do seu calor. Não demorou muito para que a labareda queimasse o ácido do limão e, como num passe de mágica, deixasse florescer aquele inesquecível e gritante pedido de namoro em sua superfície amassada com dobras delicadas; sinal que foi guardada com todo carinho no bolso e trás do meu jeans maneiro. Eu finalmente estava pronto para trocar a adrenalina da montanha-russa pelo sossego de uma rede, que balança bem devagarzinho até parar por completo.

Triste aniversário! Para celebrar, existe um bolo solitário com velas que já não comemoram, e sim choram com o pesar de estar contando apenas, de um em um, e somando quantos anos está completando que estou sem seus beijos. Sem chapéu de festa e com bastante guardanapos para enxugar lágrimas de um soluço triste. Sem doces pois essa data é amarga! E lá vou eu, de novo, assoprar as velas, pedindo forças para cumprir minha promessa de não te amar mais. Porém isso é a mesma coisa da minha dieta que começa euforicamente numa segunda-feira de manhã e acaba em uma quarta-feira a noite, na churrascaria comemorando a pontuação altíssima de um amigo, na prova de algum concurso público. Eu voltaria com mais fome.

Esse amor, que já foi uma chuva de sono repentino num dia de calor, que me influenciava a pegar o mais quentinho dos edredons, me jogar no sofá, me agasalhar e deixar a televisão ligada no canal de algum desenho animado para adormecer, dando vários suspiros de satisfação em agradecimento aos céus. Hoje esse amor é droga de um pingo de torneira que cai na pia, e que cada gota se transforma em unha arranhando um quadro-negro num dia de silêncio e me traz o desconforto de uma vida inteira pelo fato de não conseguir descansar um pouco na madrugada de todos os dias.

Nenhum comentário:

Postar um comentário