quinta-feira, 19 de julho de 2012

just have a little faith. ★



De lado oeste do horizonte, alegremente o sol se despedia. De cá, eu cantava uma música mentalmente enquanto admirava esse momento tão suave e simples. Pessoas brincavam com a sexualidade de seus corpos, passeavam de mãos dadas e sussurravam alguma coisa boba e romântica no ouvido de quem costuma escutar todos seus gritos de loucura e tristeza. Pais sorridentes de aparência simpática apontando em direção a nossa estrela que aparece durante o dia, orgulhavam-se de mostrar aos seus filhos caçulas a beleza e a magia da morte de um dia doce e puro. O tic-tac do relógio não fazia mais sentido. Pessoas geralmente sempre ocupadas e sem tempo para nada, de repente estavam sentadas em cima de suas camisas suadas do calor suportável e agradável que fazia nesse ambiente congestionado de paz, todos atenciosos para ver as cores laranja e vermelho desaparecerem lentamente do céu. De lá das nuvens um senhor, bastante idoso e muito mau desenhado, admirava crianças de todas as idades brincando com a criação. Nas mãos, pedras viravam um jogo, e os pontos no placar divertido subia para quem fizesse ela saltar mais vezes sobre a água antes de adormecer no fundo lago. Ninguém perdia, todos ganhavam. O prêmio era a gargalhada sincera e alta de alguém gritando: "Viu, lá? haha! Consegui fazer ela quicar três vezes!" De súbito, batucavam no peito improvisando melodias cantadas por essas crianças sem nenhum dom vocacional para cantor, era um reggae estilo seresta animada e pensativa. Um luau sem instrumentos, sem lua. Cada personagem fazia seu show sem algum script, critério ou sequência. Uns meditavam fazendo ioga, outros olhavam barcos e as ondas que faziam na água, outros observavam os rolamentos dos skates zunindo no chão pavimentado, outros apenas olhavam para o longe. Desenho em nuvem, pé na água, corpo na grama e beijo na boca. Sem motivo, sem razão, sem finalidade, talvez até sem propósito, um grito saltou rouco da minha garganta. Talvez fosse a resposta a minha imaginação. Talvez um protesto espontâneo do meu subconsciente. Talvez um "Olá" para alguma ninfa mitológica que estivesse a passeio, desfilando sob aquele mar de água doce. Talvez foi minha vontade de exprimir a calma daquele istante. Talvez foi meu melhor jeito de palestrar e prosear com qualquer deus. Talvez meu coração bombeou protestos que guardo a sete-chaves em forma de berro para o mundo inteiro escutar. Talvez tenha sido apenas o riso de um pulmão machucado por toda essa nicotina. Talvez foi o jeito que minhas cordas vocais encontraram para transmitir a paz e o amor que estava sentindo naquele momento. Mas, lá no fundo, pra lá das entranhas do racional e do absurdo, uivei em algum dialeto esquecido pelo tempo ou distante demais da nossa compreensão, assim foi a melhor maneira que meu espírito e minha alma encontraram para manifestar um presságio universal e místico, que dizia:
"Tenha apenas um pouco de fé."

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