domingo, 24 de junho de 2012

Rô, i can't forget this.



Me lembro como se fosse ontem, você estava usando aquela camisa clara que realça seus olhos esverdeados e deixava sua bochecha tão vermelhinha. Havaiana e meia. Estava fumando, bebendo e contando alguma coisa sobre o orgasmo do porco durar trinta minutos. Você nos fazia gargalhar fazendo aquelas caretas que te deixavam tão feio, tão menino, tão bobo, tão engraçado. Seu cabelo arrumado na bagunça, seu nariz grande e seus dentes separados só te deixavam ainda mais menino, mais bobo, mais engraçado e, por incrível que pareça, mais interessante. No meio de uma besteira ou outra que saia da sua boca, perguntei da forma menos óbvia possível sobre seu estado civil, afinal você vivia usando aquele bambolê no dedo anelar direito, na qual eu descobri depois que apenas fazia parte do seu infeliz e ridículo hábito de usar aliança sem estar em um relacionamento.

- Rô, sua namorada deve passar o dia inteiro rindo, né?

Mas você realmente sabe ouvir e entender um desejo, uma vontade. Não sei se leu meu olhar ou se usou comigo um daqueles seus truques de linguagem corporal que aprendeu nos livros sobre tal, sei apenas que você interpretou meu tom de voz e respondeu o que eu mantinha em segredo com a minha respiração e calor nas mãos. E depois de uma gaitada, depois de bater com a palma da mão no joelho enquanto olhava pra cima, só quando finalmente você parou de sorrir e umedeceu os lábios fazendo ao mesmo tempo um balançar de cabeça que sugeria um não, pode me responder com simpatia e muita cafajestagem:

- Esse é o seu jeito sutil de perguntar se eu estou solteiro e sexualmente disponível?

Fez outra piada lapidando o gelo derretido entre a gente. E eu já sabia que você contaria isso em alguma roda de amigos, quem sabe até na minha frente só para poder ver o sangue se aglomerando nas minhas covas faciais corando assim meu rosto pálido e sem maquiagem, caguetando que isso não é apenas uma história, mas um fato.

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