domingo, 31 de maio de 2015

i stay


Eu fico porque adoro o seu desmazelo com os próprios cabelos, eles refletem o jeito que você negligência a própria vida: uma bagunça, um caos, uma piada. Nunca usa maquiagens ou batons. O desleixo com aparência não fala, mas diz muito sobre você. E essa preguiça boa em fazer questão em não delinear a exterioridade desse corpo mortal e magrela, é o que me fez apaixonar por você. E quando eu acordo, de ressaca, em um quarto de hotel barato, e te vejo ao meu lado, eu agradeço a qualquer deus por sua beleza e adornos não saírem com água e sabão no primeiro lavar de rosto. É o seu cheiro, o seu hálito, o seu boquete, seu amor pelos animais, seu medo de sapos - e de príncipes também -, seu deslize por um cigarro de maconha, o formato da sua boca ao tentar engolir um riso, seu jeito com crianças, a forma como você fala sobre seu pai, o modo como você atende o telefone, seu hábito de dormir no mesmo canto da cama que eu gosto, a maneira como olha pro espelho sempre insatisfeita e disposta a não mudar nada em si mesma, o dom em falar com velhinhos, o talento na cama, a predisposição em nunca arrumar seu quarto, sua pressa de chegar e a preguiça de ir embora; é por isso que eu fico, não existe maquiagem para isso, nada sintetiza. E por isso, de novo, eu fico.

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