sexta-feira, 3 de abril de 2015

Ode ao cubo, o triplo, a trinca







Summer é morena, cabelos cor-da-noite e curtos, olhos cinza-chumbo enegrecido. Gosta de ler Bukowski e parece conhecer a timidez apenas quando é preciso olhar no fundo dos meus olhos; talvez porque ela já saiba do feitiço que carrega no olhar. No cantinho esquerdo do rosto, perto da boca, uma pinta sui generis adorna a trave do seu beijo. O riso dela é largado e frouxo - deveria tocar no rádio. Ela adora usar brincos woodstrockianos e tem uma mania ímpar de tapar o rosto enquanto eu deslizo e brinco por entre suas virilhas. Sempre usando algum maldito batom que vou borrar com a mão, ou com minha boca. A esclera do olho é branco como a neve, uma palidez albina para combinar com seus dentes grandes e com sua áurea de paz que carrega em cada vestido florido que gosta de usar. No sorriso é verão, no coração é inverno. Summer é mais poesia que mulher.

Marissa é branca, cabelos cor-de-trigo e longos, olhos verde-mar. Ela é riso fácil, uma tarde de domingo com chuva. Sua música predileta é a que toca agora no rádio, e sua agenda é sempre maior que os compromissos ali escritos. O beijo é sem pressa, o sexo não. Odeia brincos e gosta de me encarar durante qualquer coisa; seja conversa, sexo ou tédio - e isso me desnuda, acaba despindo todas as roupas sujas da minh'alma. Cama limpa no quarto ou barraca suja no quintal, ela simplesmente não se importa - é incrível. Marissa é mergulho em cachoeira na semana, é trança no cabelo pra tocar violão. Ama os animais apesar de não ter nenhum, ama a cor do céu sem nunca ter alcançado o paraíso, ama também livros que nunca leu e filmes que nunca assistiu. Seu vestido é na pele, e por isso Marissa é mais flor que mulher.

Marissa é saúde, Summer é fumaça; Summer é ressaca, Marissa é a água que cura; Marissa é sono, Summer nunca boceja; Summer é roxo, Marissa é arco-íris; Marissa dia, Summer é noite; Summer é fria como banho de piscina, Marissa é morna em banho-maria. Marissa é sol, Summer é lua.

A não ser pela queda por um cigarrinho de maconha, a única coisa que elas tem em comum, sou eu.

Ménage à trois ...

Começamos tímidos. Eu não tinha a noção em como começar um suruba, um bacanal - e por fim, acabamos fazendo amor, nós três -, eu só sabia que ia acontecer. O sonho de todo homem, mas eu jamais pagaria por isso. Jamais! Os três ali sabiam o que ia acontecer, e talvez por isso quase não nos olhamos por um bom tempo. Um beijo aqui, um riso ali, e a coisa foi acontecendo. De repente as duas nuas ajoelhas na minha frente, disputando entre si quem me chuparia mais.

[...]

Senti que meu sonho tinha se realizado quando vi Marissa e Summer, ali, ajoelhadas de quatro, se debruçando sobre o sofá. O contraste de cor, de personalidade, suas bundas, seus seios, cabelos, bocas. Foi como acreditar em Deus pela primeira vez. Elas olhando para mim, me desejando, enquanto eu as admirava em pé, escolhendo com qual delas eu começaria a foder - difícil escolha, pensei.

[...]

Estava quase gozando, sentia que ia explodir. Summer e Marissa ajoelhadas em minha frente, os rostos colados, pupilas dilatadas, nuas e sorrindo. Eu disse alguma coisa, algo como nunca esqueceria esse momento e Gozei, e gozei, e gozei, e gozei em suas caras, bocas, peitos, olhares e cabelos. Jamais gozei igual. Foi o ápice do gozo. Regozijei e minha voz falhou, minha perna tremeu e enfraqueceu. Foi como se um anjo lambesse o meu ânus. Ceguei por alguns segundos, depois uivei.

[...]

Summer fumava, ainda nua, na varanda do hotel.

- É, mas ela se trancou no quarto e não quer sair. Acho que foi dormir - disse Summer sobre Marissa.

- Summer, o sol se pôs. E agora eu vou aproveitar a lua. - eu disse.

E fiz amor mais duas vezes com Summer antes de dormir.

Nesse noite eu não sonhei.

E nem queria.

Realizei.

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