Em uma festa, um bocejo.
- Tudo que vai, volta.
Ela disse isso em um tom de revolta vitoriosa, porém cansado. Ela era a senhora eu-não-te-avisei-que-não-ia-dar-certo-porra? Não havia alegria em suas palavras, embora ela tivesse acertado na mosca: eu não estava feliz.
Reencontro confuso. Ali ainda havia muito amor. E ainda lembro o cheirinho do seu sabonete quando ela me abraçou com os cabelos ainda molhados, encaracolados e gritando sua naturalidade encantadora. Lembrei também de outra coisa: nosso relacionamento havia acabado há muito tempo. Eu nunca a tirei dos meus pensamentos.
E isso a despertou de um sono leve, sei disso porque ela mantinha a boca entreaberta e enrolava seus cabelos com o dedo indicador direito. Eu amava seus gestos e decorava cada um deles. Seu corpo moreno e magrela, seus cabelos enegrecidos artificialmente, seu olhar "medusiástico", sua língua vermelho-ocre. Que saudade do seu beijo.
Só consegui responder:
- Mentira, você nunca voltou para mim!
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