sábado, 11 de janeiro de 2014
Sua dor
Minha imparcialidade com seu pesar patinava na superfície do meu estado de espírito e, enquanto um riso pousasse na volta do meu rosto, o meu descaso com o soluço do seu choro era algo inevitável.
Mas o amadurecimento da alma é um processo gradual, não um pulo repentino. E depois de tanto masturbar o íntimo do meu coração e assoprar a poeira da insensibilidade pra bem longe do meu ser, eu pude enfim amarrar essa fita podre nas teias do passado e seguir em frente sintonizando a polaridade dos nossos sentimentos com igualdade.
E quando meus pés doem, eu lembro da sua dor e me permito caminhar um pouco mais. Não porque eu simpatize com essa dor, mas é que as vezes eu acho que a mereço. Eu senti toda sua dor.
Hoje suas lágrimas de infelicidade caem como pingos de torneiro da cozinha - aquelas gotas incansáveis que perturbam meu sono -. Elas me fazem ficar acordado apenas tentando enxugar cada metro quadrado da sua aflição. Antes eu era condescendente com sua tristeza, hoje eu luto pela sua felicidade.
Sua dor é minha, sua felicidade é nossa.
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