05 de Agosto de 2013.
Querida Karen,
Descobri em fotos e em memórias que você tem várias risos. Então comecei a numerar e separá-los por ocasião;
Seu quinto sorriso é um riso amargo, como alguém que tenta fazer cócegas em si mesmo. Geralmente você entrega ele de bandeja em bares, dispensando rapazes por falta de paciência em explicar o por quê de você não querer dançar aquela música sertaneja universitária com um estranho bêbado.
Seu quarto sorriso é um riso de lembrança. Ele te clareia quando você encosta a cabeça no travesseiro ou enquanto olha os carros pela janela do ônibus. Karen, esse riso vem sempre acompanhado de um suave inclinação de cabeça, para cima e para baixo, e essa é você aplaudindo silenciosamente seus bons momentos.
Seu terceiro sorriso é um riso musical. Karen, esse riso te abraça quando você está lavando aquela montanha de louça e de repente a agulha do som para em uma música do Cazuza. E então você disfarça a esponja em forma de microfone e cantarola durante o seus deveres domésticos. Esse riso te carrega no colo no chuveiro quando você tem uma tarde sossegada e feliz ao lado de quem você gosta.
Seu segundo sorriso é um riso familiar. Seja nas raras vezes que sua mãe te dar razão, seja quando você vê o seu pai soltando uma gargalhada sóbria. Esse riso, ele é quase um obrigado aos céus por fazer chover bençãos no farol que te ilumina, te protege e te guia.
E, querida Karen, seu primeiro sorriso é aquele riso ímpar que só maquiava seu rosto quando eu estava por perto e te beijava na boca, enfiando a língua no seu nariz feio.
Unfaithfully yours,
Rodrigo.
Rodrigo.
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